Histórias reais em Camboriú

São Paulo – Camboriú, em Santa Catarina, balneário favorito dos argentinos, abriga, de hoje a domingo, o Catarina Festival de Documentários, com mostras competitivas de filmes documentais em película e vídeo. Além das competições, o evento apresenta mostra informativa (sem atribuição de prêmios), composta por alguns dos mais importantes títulos do cinema brasileiro contemporâneo: Edifício Master, de Eduardo Coutinho, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, Durval Discos, de Anna Muylaert, Uma Onda no Ar, de Helvécio Ratton, Desmundo, de Alain Fresnot e Ônibus 174, de José Padilha.

Nesta sua segunda edição, o festival homenageia duas personalidades, uma local, outra de fora: o escritor catarinense Salim Miguel e o cineasta Eduardo Coutinho. Coutinho todo mundo conhece como o mais completo documentarista do País, autor de filmes como Santo Forte, Babilônia 2000 e Edifício Master, que será exibido em Camboriú. Isso para não falar de Cabra Marcado para Morrer, um dos clássicos do cinema do País.

Salim Miguel também se tornou conhecido nacionalmente como autor do romance Nur na Escuridão, um dentre os mais de 20 livros que já publicou. Salim tem trajetória original. Nasceu no Líbano e somente aos 7 anos conheceu a língua portuguesa. Chegou pequeno ao Brasil e alfabetizou-se em alemão em São Pedro de Alcântara, reduto catarinense de colonização germânica. Com essa formação multinacional, define-se como alguém que escreve em Santa Catarina, talvez para prevenir-se de qualquer alusão regionalista, na acepção antiga do termo.

Mas claro, seus laços com a cultura catarinense são muito fortes. E com o cinema também. É dele o roteiro de O Preço da Ilusão, escrito em parceria com sua mulher, Eglê Malheiros. Dirigido pelo cineasta Nilton Nascimento, o filme é considerado o único longa-metragem genuinamente realizado no Estado. Trata-se de uma crônica de Florianópolis que apresenta duas histórias contadas em paralelo, com conteúdo de crítica social entre elas. O modelo de produção foi inspirado na cooperativa que deu origem a Rio 40 Graus, que Nelson Pereira dos Santos havia realizado no Rio, três anos antes. Salim Miguel é o nome escolhido para o prêmio de melhor documentário a ser votado pelos jornalistas convidados para o evento.

No curso do festival acontecerá também um importante Encontro das TVs e Produtoras Independentes. É um diferencial do evento, que se preocupa em discutir as relações (complexas) entre televisões e o cinema brasileiro.

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