Entre o rap de cara fechada de Mano Brown e o festivo rapagode de Marcelo D2, cabe uma terceira via que conversa com os dois lados. É no que apostam Helião e Negra Li, que trilham esse caminho muito bem em seu disco de estréia Guerreiro guerreira (Universal) – não por acaso, com participação de D2 nos vocais e sample dos Racionais. Por enquanto, estão ganhando a aposta em duas frentes: foram indicados na categoria melhor clipe no Prêmio Hutúz, o mais importante do rap brasileiro; e a música que dá nome ao álbum está na trilha sonora da novela Começar de novo.
E o que é exatamente a tal terceira via de Helião e Negra Li? As bases fazem uma mistura ao mesmo tempo leve e consistente entre ragga, soul, funk, toques de sofisticada e balançada brasilidade, tudo apoiado na vertente do hip hop americano forjado nos 90 por Dr. Dre, Snoopy Dogg e Tupac Shakur. As letras falam, sim, de discriminação social, vida na periferia, violência, mas com mensagem mais otimistas, longe do discurso raivoso dos "manos". Elas abrem espaço também para o romantismo (Bom estar com você e Lembranças) e gratidão a Deus (Tão bom pra mim). Helião explica:
"A periferia já está muito conturbada. Mais que denunciar essa situação, procuramos fazer letras construtivas, positivas, que apontem caminhos, reforcem a auto-estima do povo."