Harley, o poeta de Tamandaré e do Paraná

O dia 23 de março pareceu-nos mais cinzento, triste, azíago até.

De inopino, a infausta notícia: Harley Clóvis Stocchero, acometido de derrame cerebral, falecera.

Foi um duro golpe que atingiu, não só os amigos e admiradores, como toda a cultura paranaense.

Natural de Almirante Tamandaré, município e comarca da Grande Curitiba, onde residia, Harley se graduara em Direito e era diplomado em desenho e artes plásticas, desfrutando de merecida aposentadoria como dedicado servidor público estadual.

Sobre ele, o renomado historiador Túlio Vargas escreveu para a revista da Academia Paranaense de Letras, que preside e onde Harley ocupava, brilhantemente, a cadeira n.º 6, verbis: ?No campo literário, embora com antecendentes criativos na revista Tingüi, produção de contos, estudos históricos e premiações em concursos na cidade de Apucarana, somente em 1983 passou a dedicar-se mais intensamente à atividade cultural, após obter láurea em concurso promovido pela Academia de Letras José de Alencar. Exerceu a presidência do Centro de Letras do Paraná no período de 1986-1987 e é membro da Sala do Poeta, União Brasileira de Trovadores e Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Foi eleito em 1995 para a Academia Sul Brasileira de Letras do Rio Grande do Sul, com sede na cidade de Pelotas.Oito livros publicados e uma vasta coleção de diplomas e condecorações. Consta de sua bibliografia:

Ermida Pobre, Os dois mundos, O pouso dos Guaraipós, Recordações de Clevelândia, Andanças na Terra Tringüi, Seleções Poéticas de Novas Cantingas?.

Poder-se-ia acrescentar a sua mais recente produção, A vingança da Terra, coletânea de poemas enfocando os problemas ecológicos da humanidade, como bem define no prólogo, concluindo com a assertiva de que, ?O poeta, além de crítico social, deve, também, profetizar?.

No ofício religioso de sétimo dia, sua família, tendo à frente a sua queridíssima Elly, fez distribuir dois sonetos de rara sensibilidade, encimados por fotos de pranteado vate, um dos quais com o sugestivo título Escrevam que fui poeta e outro, O terço, ambos reveladores de sua firme convicção religiosa, como católico praticante, fato exaltado na celebração pelo piedoso Vigário, que muito o estimava e admirava.

Por tudo isso e muito mais, Harley Clóvis Stocchero sempre será lembrado, jamais esquecido, deixando-nos uma grande saudade.

Repouse em paz, nos braços do Senhor, caro confrade e amigo.

Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado e presidente do Centro de Letras do Paraná.

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