Grande parte dos atores teve outras profissões antes de entrar para a vida artística

tv51_211104.jpgAntes de ingressarem na carreira artística, muitos atores já tiveram de dar expediente em outras profissões bem menos glamourosas. Alguns até apreciavam o que faziam; outros, nem tanto. Gostando ou não, o fato que é a experiência dos primeiros trabalhos, seja como bancário, jornalista ou pipoqueiro, marcou a trajetória de cada um e, em alguns momentos, tornou-se até útil para a carreira de ator.

Dalton Vigh, por exemplo, nem precisou fazer laboratório para compor seu atual trabalho na tevê, o professor Oscar de Malhação. Durante três anos, Dalton deu aula de inglês em um curso em São Paulo. Ele chegou a ensinar inglês para Adriane Galisteu e quase deu aula para seu grande ídolo: a atriz Fernanda Montenegro. "Foi até bom ela não ter ido no dia. Eu não ia conseguir dar aula. Ia tremer nas bases", admite Dalton.

A profissão de professor parece ser uma das mais recorrentes entre os atores. José Mayer, Werner Schünemann e Vera Holtz já ganharam suas maçãs no Dia do Mestre. Apesar de sua forma avantajada, quem também já deu aula e de Educação Física foi André Mattos, o bicheiro Madruga de Senhora do Destino. Ele trabalhou em várias academias e deu aula para idosos em praias do Rio. "Apesar de ser grande e pesado, adoro Educação Física até hoje. Só deixei de ser professor", diverte-se

Jornalista

Outro companheiro de elenco de André que também já teve outra profissão é Heitor Martinez, que interpreta João Manoel. Heitor é formado em Jornalismo e trabalhou na assessoria de imprensa do Clube de Regatas do Flamengo, no Rio. "Sou flamenguista. Trabalhar no clube era totalmente prazeroso", recorda Heitor. Mas esse prazer não era exatamente pela função de assessor e, sim, pela possibilidade de estar perto dos seus ídolos do futebol. Tanto que a lembrança mais marcante que ele guarda dessa época foi a de pisar no gramado do Maracanã e comemorar a conquista de dois títulos -realidade bem distante da atual fase do rubro-negro carioca.

Já Eliane Giardini se lembra mais das suas primeiras semanas como telefonista. Ela atendia às solicitações de telegrama fonado nacional ou internacional em uma agência dos Correios. Eliane não sabia muito bem inglês e por diversas vezes, não entendia o que as pessoas falavam ao telefone. Ela, então, tinha de pedir para os clientes soletrarem as palavras. Mesmo assim, isso ainda não era suficiente. "Depois do expediente, eu passava meia hora trancada no banheiro com um dicionário, corrigindo os telegramas", confessa.

O ex-marido de Eliane, Paulo Betti, também começou sua vida profissional em outra atividade. Ele trabalhou durante três anos como bancário. Paulo confessa que não gostava muito do que fazia, pois considerava muito burocrático. "A gente passava o ano inteiro tentando fechar o caixa para, no final, jogar tudo pela janela", brinca, referindo-se à tradicional chuva de papel picado que acontece nos centros financeiros no último dia útil do ano. Outro que trabalhou em banco foi Malvino Salvador, o "estourado" Tobias, de Cabocla, que passou um ano sendo caixa.

Pegando no pesado

Mas há quem tenha mais tempo trabalhado em outra área. Foi o que aconteceu com Cláudio Fontana, o Gilson de Seus Olhos, do SBT, e com Marcos Winter. Durante uma década, Cláudio foi gerente de marketing de uma indústria química. "Eu tinha carro da empresa e passei seis meses na Inglaterra fazendo curso… Eu era chique", brinca Cláudio. Já Marcos trabalhou dos 10 aos 20 anos na fábrica de pirâmides ornamentais do pai. Ele fabricava os enfeites e passava o dia mexendo com torno, solda… "Vivia de macacão e sujo de graxa. Mas gostava muito", revela.

Quem também já foi "pau-para-toda-obra" é Flávio Migliaccio, o Jacques de Senhora. Ele já foi metalúrgico, pedreiro e engraxate. "A gente precisa fazer uma série de coisas para ganhar a vida e é obrigado a se adaptar a elas", ensina, do alto dos seus 70 anos.

Experiência para os personagens

A atriz Vera Holtz, a Generosa de Cabocla, deu aula de Artes Plásticas durante três anos em escolas primárias e escolas técnicas.

# O ator Tuca Andrada trabalhou como vendedor em uma loja de roupas no Rio. "Não tinha a menor paciência para ser vendedor, mas tinha de sobreviver", admite. # Além de bancário, Malvino Salvador também foi vendedor. Ele trabalhou em duas lojas de roupa em Manaus. "Não era muito bom, pois não tinha cara-de-pau de ficar empurrando os produtos para os clientes", revela.

# Werner Schünemann deu aula de História em uma escola de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Quando começou a lecionar, tinha apenas 21 anos. "Era só um pouco mais velho do que meus alunos mais velhos", brinca.

Jornalistas, vendedores…

Mas nem todo mundo abandona a primeira profissão depois de se tornar ator. Bruno Ferrari, o Cadu de Malhação, trabalhou dois anos e meio como vendedor na loja de ventiladores do pai, no centro do Rio. Embora não tenha mais como ficar diariamente na loja, Bruno faz questão de continuar ajudando o pai e é ele quem faz muitas das entregas de ventiladores nas casas dos clientes. Recentemente, foi levar um ventilador na casa de uma moça e ela levou um grande susto quando o viu. A jovem quase não acreditou que o ator estava chegando em sua casa carregando um ventilador. "Eu brinquei com ela e disse: ‘Esse aqui é o meu trabalho. A Malhação é só um bico’", relembra Bruno, de 22 anos.

Outra que também concilia sua carreira inicial com a profissão de atriz é Arlete Heringer. O último trabalho de Arlete na tevê foi a empregada doméstica Yvone em Mulheres Apaixonadas. Ela era a "fiel escudeira" da professora Raquel, vivida por Helena Ranaldi. Arlete é formada em Jornalismo e seu primeiro trabalho foi como produtora em uma emissora afiliada da Globo em Juiz de Fora. Quando foi morar no Rio, começou a trabalhar na produção do Fantástico. Durante a novela, ela até chegou a sair do programa, mas logo percebeu, que embora goste bastante de atuar, não conseguia ficar afastada do jornalismo.

Arlete adora a adrenalina e as dificuldades que surgem durante uma produção. Ela também gosta muito de descobrir personagens interessantes para as reportagens. Uma vez, acompanhou Regina Casé em uma matéria no piscinão de Ramos, zona norte do Rio, e levou um grande tombo na busca por "figuras curiosas". "Quando cheguei na redação, parecia que eu tinha voltado da guerra. Estava imunda, toda vermelha e com o joelho todo ralado. Mas valeu a pena", recorda Arlete, que atualmente trabalha na produção do Globo Repórter.

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