Fino trato

A oportunidade de encarar um personagem denso e com destaque na trama levou Flávio Galvão a aceitar o convite da Band para atuar em Paixões Proibidas. O ator interpreta o juiz Domingos, pai do protagonista Simão, de Miguel Thiré, e sempre apreciou os romances de Camilo Castelo Branco, que inspiram a telenovela. A parceria com a emissora portuguesa RTP foi outro fator que favoreceu o sim de Flávio. A ?terrinha? é velha conhecida do ator, que já dirigiu e atuou numa novela e numa minissérie por lá. Essa não é a primeira vez que Flávio trabalha na Band. O ator também marcou presença na novela Sabor de mel e no seriado A casa de Irene, em 1983. O currículo recheado de produções em emissoras distintas lhe deixa à vontade na hora de recusar contratos longos de trabalho. Desse jeito, afirma, se preserva de personagens ou funções que não lhe sejam interessantes profissionalmente. ?É melhor ter bons personagens do que estar na emissora líder?, justifica. Antes de assinar com a Band, Flávio gravou para a RTP1 a série Nome de código: Sintra ao lado de Ana Bustorff, a Rita de Paixões proibidas, e de Giselle Itié.

P –  O que mais te influenciou na hora de aceitar o convite da Band para entrar em Paixões proibidas?

R – É um grande papel. Além de ter seus próprios conflitos, todo o seu núcleo familiar tem muito destaque. E o texto é bem escrito, tem aquele cuidado que uma trama de época precisa. As pessoas acham que só a estrutura da Globo é boa, mas não é tão melhor que a das outras emissoras. Fazer novela é igual em qualquer lugar e a gente tem que aproveitar todos os espaços. Pode ser que o monopólio da Globo nunca seja superado, mas o que me interessa agora é contribuir para a democratização da teledramaturgia. Fiquei mais tempo na Globo, mas já fiz TV Cultura, TV Tupi, Band, SBT… Não me prendo, vou aonde me ofereçam bons personagens.

P – Como você lida com os dois pontos de média de audiência?

– Sinceramente, agora, nesse bate-papo, foi a primeira vez que parei para pensar nisso. Mas a novela mantém o padrão que a emissora tinha antes. Adoraria que os números fossem altíssimos, já estive em obras que deram 90 pontos. Estamos implantando um modo de fazer novelas numa emissora diferente, e isso é o que importa. Outro dia saí para passear e muitas pessoas vinham me cumprimentar. Não sei se esse Ibope funciona mesmo. Talvez eu tivesse um retorno maior de público na Globo, mas isso não quer dizer que agora não tenho. Uma vez fui passear em Paris e, de repente, dez pessoas vieram falar comigo porque estavam assistindo Corpo a corpo lá.

P – Como você encara a mudança de horário da novela, que passará a ser exibida às 17h30?

R – É uma estratégia positiva. Isso insere a novela numa grade mais propícia, já que os capítulos passam a ser exibidos entre os programas De olho nas estrelas e Brasil urgente. O horário vai trazer um novo público. Já estamos lendo o capítulo 93 e a mudança ocorre no 62. Até agora, o que vemos é um roteiro ágil. A diminuição do sexo e da violência só vai fazer com que as cenas sejam menos explícitas e passem a ser mais sugeridas.

P – Você já trabalhou algumas vezes em Portugal. Ainda sente dificuldade com o sotaque português?

R – Quando comecei a trabalhar com atores portugueses, anos atrás, precisei de uma certa adaptação. Mas eu estava em Portugal e era o brasileiro lá. Estava na situação deles aqui. A gente às vezes tem que diminuir o ritmo, mastigar melhor algumas falas. Hoje em dia é muito natural esse intercâmbio, é bom que o público se acostume.

P –  Por que você recusa contratos longos com emissoras?

R – Quero ser livre para fazer teatro, filmes fora do País, enfim, poder me programar. Sou mais feliz assim. Quando eu tinha contratos longos, me via em situações constrangedoras e tendo que aturar só por causa do contrato. Agora, escolho meu personagem. Não precisa ser protagonista, basta ter um conjunto legal.

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