Festival É Tudo Verdade celebra duas décadas de atividades

São 20 anos de É Tudo Verdade – duas décadas em que o festival internacional de documentários de Amir Labaki cresceu e adquiriu prestígio como o próprio gênero que privilegia. Documentários sempre existiram, desde que os irmãos Lumière documentaram a saída da fábrica, mas as novas tecnologias provocaram o estouro. O próprio mercado tornou-se mais receptivo. Na festa de seus 20 anos, o É Tudo Verdade celebra os 80 de um grande documentarista brasileiro – Vladimir Carvalho – e o centenário de Orson Welles. O grande ficcionista é autor do documentário inacabado “It’s All True”, que dá nome ao festival. Não é pouca coisa.

Cerca de 1.300 títulos inscreveram-se para a seleção. A programação que começa nesta quinta-feira, 9, contempla 109 filmes de 31 países – 18 em pré-estreia mundial. “Todo filme que passa pelo crivo da seleção merece ser visto”, diz Labaki. Diversos diretores brasileiros e internacionais voltam às competições, mas ele destaca o inédito, o mais importante – cinco documentaristas latinos competem na mostra internacional. “É a prova do prestígio do documentário”, avalia.

Simultaneamente, ocorre a conferência internacional do documentário. Fernão Ramos e Carlos Alberto Mattos vão debater a produção nacional, Amir Labaki vai entrevistar o homenageado Vladimir Carvalho e Jonathan Rosenbaum, especialista na obra de Welles, vem avaliar seu legado. A retrospectiva “20 aos Pares”, com dez programas, propõe o diálogo entre obras que fazem parte da história do É Tudo Verdade.

O festival agora ocupa seis salas em SP, cinco no Rio e depois, até junho, vai passar por Santos, Belo Horizonte e Brasília. “No ano passado, tivemos 26 mil espectadores, 10% a mais que no ano anterior”, Labaki comemora. E a abertura terá Eduardo Coutinho, o filme que o mestre não pôde finalizar. “Últimas Conversas” foi concluído pela montadora Jordana Berg e pelo diretor João Moreira Salles como um ato de amor por Coutinho e pelo cinema.

Carlos Imperial

Carlos Imperial (1935-1992) foi comunicador e produtor artístico, responsável pelo empurrão na carreira de grandes nomes da música como Elis Regina, Simonal, Roberto Carlos. Foi também uma figura polêmica, graças ao estilo irreverente e até libertino com que viveu, detalhe que o próprio se vangloriava ao se declarar “rei da pilantragem”.

Esquecido nos últimos anos, Imperial agora é relembrado graças a uma bela biografia, “Dez, Nota Dez!” (Planeta), de Denilson Monteiro, e ao documentário “Eu Sou Carlos Imperial”, de Renato Terra e Ricardo Calil, que está na programação do fim de semana do É Tudo Verdade.

Outros destaques

“Citizenfour”

Documentário de Laura Poitras, vencedor do Oscar, investiga o ex-analista da CIA, Edward Snowden, que tornou público informações confidenciais da agência.

“Um Filme de Cinema”

Com direção de Walter Carvalho. Um cinema em ruínas no interior da Paraíba, as reflexões de Ariano Suassuna sobre o mistério dos filmes. Pode ser nada, é tudo.

“Chamas de Nitrato”

De Mirko Stopar. Ter sido a Joana d’Arc de Carl Theodor Dreyer marcou a biografia de Falconetti. Um retrato da mulher e atriz míticas.

“A França É Nossa Pátria”

O diretor Rithy Pahn que denunciou o regime sanguinário do Camboja reflete sobre o colonialismo francês em seu país.

“O Que Houve, Sta. Simone?”

No filme de Liz Garbus, tudo o que você sempre quis saber sobre a cantora Nina Simone. Sua vida, a arte, o engajamento político. Revelador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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