Festival de Cinema de Maringá exibe curtas durante mostra competitiva

A Mostra Competitiva 35mm do 4º Festival de Cinema de Maringá exibiu dez curtas metragens na tarde da última terça-feira (29). O público lotou a sala onde os curtas foram exibidos gratuitamente.  Entre os destaques da tarde ?Manual para atropelar cachorro? arrancou gargalhadas da platéia entretida pela história da mente de um jovem perturbado com questões existencialistas. O curta de Rafael Primo, com Bárbara Paz, foi premiado no 34º Festival de Cinema de Gramado, como o melhor filme escolhido pelo júri popular e pela crítica, e, também como melhor filme no 17º Festival Internacional de Curtas de São Paulo, entre outros prêmios.

O ponto alto da tarde foi a exibição de ?Hibakusha: Herdeiros atômicos no Brasil? que contou a presença da diretora de fotografia do curta-metragem, Cláudia Guimarães. Os relatos emocionados e o tom intimista da narrativa arrancaram aplausos da platéia.

O público que prestigiou a mostra era composto, em sua maioria, por universitários como Bruno Vicentini, 18, que achou interessante os novos formatos apresentados. ?Gostei de ?Manual para atropelar cachorro? porque conta a história de uma forma diferente. Achei interessante também ?Sete vidas? porque faz uma brincadeira com a história de um escritor que reencarna em um gato que tem sete donos. Sete vidas, sete donos… é uma analogia legal.?

A mostra também interessou outros públicos, além dos universitários. O aposentado Eurico Mattos, 66, disse que foi surpreendido pela qualidade dos filmes exibidos. ?Até agora está muito bom, tudo muito bem feito. Não tenho dúvidas de que qualquer um desses filmes poderia ser exibido nas salas comerciais.?

Já na fria noite de terça-feira, a Mostra Competitiva Digital/Analógica conseguiu esquentar a imaginação dos expectadores. Foram apresentados 17 diferentes curtas-metragens de vários lugares do Brasil, como o paulista ?Maria sem Graça?, que atrai pela loucura da pré-adolescente que cisma querer ser a Xuxa, ou a experiência audiovisual do curta londrinense ?Morte e Vida Londrina?, inspirado no livro ?Água viva?, de Clarice Lispector.

A Mostra Competitiva de Longa-metragem 35 mm, na sala Capela do Aspen Centro de Convenções, reuniu vários cinéfilos, que conferiram quatro filmes. Um deles, a animação ?Brichos?, é uma produção paranaense e foi muito admirado pelo público que lotou a sala. O filme, que conta a aventura de três animais na Vila dos Brichos, atraiu atenção da professora Laís Maria Moreira, que ficou encantada. ?Coitado dos enlatados de Hollywood! Não precisamos deles! Esse filme é maravilhoso, expõe valores de cidadania, de educação, de família, e com o pretexto de divertir?. Robert Marcel, que também é professor, gostou tanto do filme que pretende levá-lo à sala de aula. ?O filme é ótimo, resgata a cultura brasileira, além de fazer um dialogo com vários outros filmes e livros conhecidos?, disse.

A dica para quem perdeu é que o animação ?Brichos? vai passar novamente nesta quarta-feira, dia 30, às 17:30. Logo depois, às 18:50, será exibido o longa ?A História das Três Marias?.

Outros longas-metragens exibidos nesta terça-feira foram o premiado ?Tapete Vermelho?, com Matheus Nachtergaele; ?Atos dos Homens?, ganhador do prêmio de Melhor Documentário no Three Continents Film Festival, na França; e a ficção carioca ?A História das Três Marias?.

Ofincinas de cinema

No quarto dia de programação do 4º Festival de Cinema de Maringá, alunos, profissionais e amantes do cinema puderam conferir, além dos curtas e longas-metragens, o último dia das Oficinas de Fotografia, Roteiro e Produção. Nesta quarta-feira (30), a partir das 16h, tem início a Oficina de Direção, ministrada pelo cineasta Geraldo Pioli. As 19h tem Oficina de Montagem e Edição com Bruno Miod.

Na tarde de ontem, a oficina de fotografia ficou a mando da artística plástica e diretora de fotografia Cláudia Guimarães, que em seu último encontro com um público de aproximadamente 80 pessoas, falou sobre os procedimentos técnicos para a produção de um filme, iluminação, enquadramentos, além da grande importância da fotografia no cinema. ?A fotografia é o segmento que apreende o trabalho de toda a equipe. Um filme é uma história contada por imagens, isso é cinema?, disse Cláudia.

Com um público variado, como estudantes e profissionais da área, Cláudia procurou gerar interesse para a busca de aprimoramento na área. ?Acho importante a criação de oficinas, para que as pessoas tenham contato com a fotografia, e buscar uma especialização, além de desenvolver um pensamento crítico?, afirmou.

Diretora de fotografia de um dos curtas mais aplaudidos e que foi exibido na Mostra Competitiva do Festival, ?Hibakusha: Herdeiros Atômicos do Brasil?, Cláudia foi enfática ao deixar uma mensagem aos participantes. ?Preocupem-se com os enquadramentos, com a escolha dos planos e principalmente, com a iluminação: luz é tudo?, finalizou.
Apesar do curto período de oficina, aqueles que estavam na sala mostraram-se satisfeitos com o resultado. O estudante Danilo Donato, 21, participou e aprovou a oficina. ?É interessante saber sobre a parte técnica da produção de um filme, e isso foi bem explicado?, revelou.

Na oficina de Roteiro, ministrada por Érico Beduschi, os alunos colocaram em prática o conteúdo aprendido durante o evento. Eles tiveram a oportunidade de desenvolver um breve roteiro, que ao final foi lido e discutido entre todos.

Já a produtora Josiane Orvatich contou na Oficina de Produção sobre como foi produzir o longa que ainda está em fase de finalização ?O Sal da Terra?. Segundo ela, foram dois meses de filmagens. Para conseguir as melhores imagens do cenário natural a equipe percorreu quase dois mil quilômetros em uma semana na beira da estrada. Espera-se que o filme esteja pronto até a metade deste ano.

Josiane disse que foi muito difícil passar esse tempo na estrada. ?Ficar sem banheiro, lugar específico para comer e passar o texto enquanto rolava as filmagens na estrada também foi muito difícil. Só que tivemos apoio de restaurantes, hotéis e de combustível?, contou.

Durante a oficina, o público interagiu, comentou, perguntou, levantou questões e sugeriu. O estudante do ensino médio, Luiz Fernando Ferreira Machado, 17, mora há seis meses em Maringá e tem procurado assistir com freqüência os programas culturais que a cidade oferece. Nesta edição do Festival de Cinema compareceu em todos os dias e pretende vir até o final. ?É muito importante que os jovens se interessem pelo nosso cinema e busquem entender como ele funciona. São poucas oportunidades de ter alguém da área que explique. Sempre temos de aproveitar essas chances?, comentou.

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