Exposição retrata a arte indiana no CCBB do Rio

Tudo é tão grandioso. São 1,21 bilhão de habitantes, distribuídos em mais de 200 etnias. Só de línguas oficiais são 20. Religiões são seis. Resumir a complexidade da Índia numa única exposição é tarefa arriscada mesmo para um curador experiente. Por conta disso, Pieter Tjabbes, holandês radicado em São Paulo, escolheu lançar o que ele chama de “olhar caleidoscópico” sobre a diversidade cultural indiana.

Depois de três temporadas no país, de longas conversas com artistas indianos e muitas visitas a ateliês, Tjabbes transformou o alvoroço de ideias na bela exposição “Índia!”, que será inaugurada amanhã no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio. Em 2012, a exposição chega a São Paulo e Brasília. “Na Índia tudo é demais. Isso é que é divertido. É muita informação. Muita cor, muito cheiro, muita pimenta, muita gente, muito trânsito, muito barulho. Tudo é muito”, diz Tjabbes.

Responsável por exposições memoráveis, como “O Mundo Mágico de Escher”, Tjabbes quer mexer com o público. “Eu transmito esta confusão que a Índia me causou. Quero que o visitante saia meio tonto, dizendo Uau!!”. Tonto com tanta informação, mas deslumbrado com a beleza das peças.

Logo na entrada, já dá para sentir o impacto das obras. Na rotunda do histórico prédio do CCBB, uma imagem do deus Ganesh sobre um altar e uma escultura contemporânea de Ravinder Reddy, de cinco metros de altura, mostram que a exposição mistura passado e presente. A peça mais antiga, o busto de uma figura feminina, provavelmente a deusa mãe Mathura, data aproximadamente de 200 a.C. É uma escultura em pedra, emprestada pelo Museu de Arte Asiática de Berlim.

As obras antigas vieram também do Museu Rietberg, de Zurique, do Museu Volkenkunde, da Holanda, de coleções particulares e do Museu Histórico Nacional, do Rio. Instituições privadas e artistas indianos emprestaram fotos antigas.

Em 18 salas e 380 peças, “Índia!” é uma viagem aos mistérios do país, partindo da força da sua arte popular. “Foi o que mais me encantou na Índia. Eu investi em procurar os melhores artistas, encomendei obras a eles. Boa parte dos que têm peças aqui são artistas premiados. Procurei também artistas jovens. Eles são prova de que arte popular é uma tradição viva.”

A exposição mostra também cenas do cotidiano e dá grande destaque a uma paixão dos indianos: a narração de estórias. Sob curadoria de um expert no assunto, o indiano Dadi Pudumjee, há marionetes, fantoches, bonecos de sombras. Não haverá apresentação de narradores, mas o público vai poder assistir a filmes destas exibições.

A exposição está dividida em quatro módulos: homem, deuses, formação da Índia moderna e arte contemporânea. São esculturas, tecidos, bonecos de contadores de história, móveis e até o tuk-tuk, triciclo com cabine para transporte de dois, três ou seis passageiros muito utilizado em grandes cidades da Índia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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