‘Expedição Langsdorff’ mostra o Brasil do século 19

Foi uma aventura que, hoje, certamente seria filmada pelo obsessivo Werner Herzog, o cineasta alemão autor de “Aguirre” e “Fitzcarraldo”, duas epopeias ambientadas na selva amazônica em que os compulsivos protagonistas buscam, cada um a seu modo, o mítico Eldorado.

Como na louca viagem dos dois personagens de Herzog, aconteceu de tudo na expedição do também alemão barão Georg Heinrich von Langsdorff (1774- 1852), que, entre 1821 e 1829, percorreu 17 mil quilômetros do território brasileiro acompanhado de artistas e cientistas, registrando tudo o que viam pela frente, de saguis-da-serra a índios munduruku, passando por peixes exóticos e plantas ainda mais raras.

São essas raríssimas imagens que o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo mostra, a partir de hoje, na exposição “Expedição Langsdorff”, que traz 120 desenhos e aquarelas do alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) e dos franceses Aimé-Adrien Taunay (1803-1828) e Hercule Florence (1804-1879), além de 36 mapas desenhados pelo russo Nester Rubtsov (1799-1874).

A maior parte das peças reunidas na mostra é inédita no País. Provenientes do arquivo da Academia de Ciências da Rússia em São Petersburgo, onde se encontram 368 dos desenhos e aquarelas da expedição, essas obras rivalizam em importância com os mapas de Rubtsov, hoje no Arquivo Naval Russo, tão precisos que os curadores da mostra resolveram colocá-los à prova, comparando-os aos mapas do Google Earth. Ficaram espantados com o olho clínico de Rubtsov, perfeito como o do satélite usado pela empresa norte-americana online.