Espírito de aventura

Miguel Thiré é taxativo em relação ao mocinho Simão, personagem que interpreta em Paixões proibidas, da Band. ?Não é só a melhor chance de minha carreira. É disparadamente a melhor?, enfatiza. O motivo de tamanha empolgação é facilmente justificado pelo ator: ?Não é um papel que tem bastante destaque na trama. É um papel muito interessante, rico?, derrete-se. E vai ainda mais longe, ao destacar o lado romântico e revolucionário do capa e espada que encarna no folhetim. ?Brinco e costumo dizer que o Simão é quem eu gostaria de ser?, exagera.  

A oportunidade de viver um protagonista foi o que fez com que Miguel topasse a ?aventura? de integrar um projeto audacioso em uma emissora sem tradição em telenovelas. ?Nunca ignorei a dificuldade de uma emissora para se firmar na produção de teledramaturgia. Mas estou satisfeito com esse trabalho desde o primeiro capítulo?, ressalta. A verdade é que Simão é o primeiro grande personagem que o jovem ator – filho do ator Cecil Thiré e neto da atriz Tônia Carrero – defende na televisão. Antes de Paixões proibidas, estreou na Globo em Porto dos milagres, de 2001, e participou de outras novelas, entre elas Malhação. Os antecedentes familiares, segundo ele, pesam na hora de fazer uma autocrítica sobre o trabalho. ?Sou muito mais crítico do que todos os carrascos juntos?, exagera. Mas se for considerar a reação de alguns telespectadores, suas peripécias estão agradando. ?Sempre que chego em casa, meu porteiro pega um cabo de vassoura e insinua que vai lutar comigo?, conta, aos risos, referindo-se às cenas em que protagoniza lutas, e que fazem sucesso na vizinhança.

Apesar de mais preocupado com a própria avaliação do que com a opinião alheia, Miguel valoriza muito os comentários de uma pessoa: o pai. ?Ele me ligou outro dia e comentou que gostou de algumas cenas que viu. Foi bacana ouvir isso?, admite. E desmancha-se em elogios ao falar da importância de Cecil Thiré em sua carreira. ?Se for pensar em tudo o que já aprendi ao longo de minha vida, meu pai foi quem mais me deu informação teórica e prática?, enfatiza.

Ironia do destino ou não, o fato é que agora ele concorre diretamente com o pai, que está no elenco de Vidas opostas, folhetim da Record que vai ao ar no mesmo horário da novela da Band. Mas, pelo bem do mercado, Miguel encara a concorrência entre eles positiva. ?O crescimento do mercado de trabalho para os atores é maior do que essa competição?, defende.

E mesmo com os resultados quase inexpressivos da Band até o momento – enquanto Paixões proibidas mantém dois pontos, Vidas opostas da Record fica na média dos dez – Miguel mostra-se otimista. ?Se eu disser que a questão da audiência não influencia, estou mentindo. Mas acredito que esse quadro melhore ainda no decorrer da novela?, especula. O segredo para alcançar esse sucesso ele revela prontamente. ?Estamos fazendo um produto de excelente qualidade?, enfatiza.

Mesmo que os números do Ibope não sejam tão bons, a reação do público deixa o ator animado. Consciente de que faz uma novela ?difícil? – o folhetim tem um texto bem mais rebuscado do que as novelas produzidas por outras emissoras -, Miguel não vê tanta diferença entre o público que o vê agora daquele que acompanhou seus trabalhos anteriores. Mesmo assim, arrisca uma rápida análise: ?Talvez essa novela não seja tão acessível a todo tipo de telespectador. Mas quem vê, se envolve muito mais com a história?, defende.

Portugal

Foi curta a temporada que Miguel Thiré passou em Portugal para gravar Paixões proibidas: Simão retornou de Coimbra para o Brasil já no primeiro capítulo da história. O contato com terras e público lusitanos, no entanto, empolgou bastante o ator. ?A gente não tem muito acesso ao mercado português. Conheci grandes atores. Foi fascinante?, comemora, ao contar que já tinha passado por uma experiência anterior no país. Em 2005, ele visitou o país para apresentar a peça ?teen? Beijo na boca, escrita por seu irmão Carlos Thiré.

Contracenar com colegas de trabalho portugueses não causa estranhamento algum ao ator. ?Nosso entendimento foi bom desde o início. Não vejo diferença entre os atores dos dois países?, afirma. A sintonia foi tanta que Miguel já está se tornando amigo pessoal de alguns deles. ?O Pedro Lamares, meu parceirão na trama, também é meu parceiro na vida. Tornou-se um amigo de verdade?, conta. Na opinião do ator, o bom entendimento entre todo o elenco só favorece o resultado do trabalho. ?Toda essa harmonia se reflete nas cenas?, confirma Miguel, que chama a atenção ainda para o fato dos atores terem vindo para o Brasil especialmente para a novela. ?Essa entrega dos colegas nos dá ainda mais força para realizar esse trabalho?, completa. 

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