Elisa Lucinda transforma peça teatral em livro

Ela está presente em quase toda discussão a dois e é bastante citada como a culpada pelo fim trágico de muitas relações amorosas. Além disso, é também a desculpa furada por excelência dos amantes cansados, vale dizer, ao lado da fadiga e da pura falta de vontade. Destruidora de lares, apagadora de paixões, amansadora de rebeldias, balde de água fria em qualquer emoção à flor da pele, impera nos meandros da vida urbana, mas cessa ao brado de Elisa Lucinda: “Parem de falar mal da rotina!”. O mote já foi um espetáculo teatral que rodou os palcos do Brasil e arrebanhou mais de 1 milhão de espectadores.

O monólogo da atriz e escritora de 52 anos embrulha, em boas piadas e provocações, atos sobre os hábitos e neuroses cotidianos que se infiltram no dia a dia, e atiçam centelhas de reflexão. Sobre o texto direto e divertido, Elisa se debruçou e, com poesia, transformou-o num livro homônimo, um misto de humor sentimental e autoajuda.

“No espetáculo, as pessoas riem muito. A graça é o método para que possam escutar aquelas porradas todas”, conta Elisa. “Transcrever isso para o papel foi um desafio, já que os assuntos são todos sérios. São umas pancadas”. A discussão sobre o esforço diário para tornar a vida mais agradável ganha situações cômicas com personagens comuns, como o casal de namorados que não se declara, o pai que não tem paciência no aprendizado do filho, a mãe que se desespera para recuperar a boa forma física em detrimento dos cuidados com seu bebê. Tudo permeado por poemas, também de autoria de Elisa.

“Acho que até quem não viu a peça fica intrigado pela proposta: ‘Como parar de falar mal dessa coisa chata que é a rotina?'”, questiona a autora, e ensina: “Não adianta nada quebrar a rotina. Ela não é para quebrar! De que adianta se a gente quebra e cola no mesmo lugar? Rotina deve ser maleável e cheia de descobertas por dentro. Não precisa ser agredida para se tornar melhor”. As informações são do Jornal da Tarde.