É tempo de Francis Hime

A beleza do Rio de Janeiro, seus séculos de sons, ritmos e impregnação cultural única, mais a música de Francis Hime. Esta bela mistura – temperada na poesia de Geraldinho Carneiro e Paulo César Pinheiro, hiperevocativa, maliciosa e de certa forma épica -, deu o arrebatador caudal sinfônico-popular da Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião, que depois de estrear no Theatro Municipal, em novembro de 2000, é lançada em CD e DVD pelo selo Biscoito Fino, sob a regência do autor à frente de uma orquestra sinfônica de cerca de 70 músicos.

E tem mais: Francis Hime está ainda em Choro Rasgado e Samba & Choro.

No mercado desde abril, Sinfonia do Rio de Janeiro e São Sebastião nasceu de uma idéia de roteiro de Ricardo Cravo Albim.

Um dos compositores brasileiros que fazem a ponte entre a música popular e a de concerto, Francis Hime dividiu a sinfonia em uma abertura e cinco movimentos, cada um deles dedicado a um gênero/ritmo musical que marcou determinada época: o lundu do Brasil colonial, a modinha do Império, o choro da I República e, já em pleno século XX, o samba da época de ouro e a canção brasileira mais contemporânea. É, ao mesmo tempo, a trajetória da nossa música popular e uma sucessão de climas, cores e personalidades que compõem o universo da cidade.

Leila Pinheiro, Lenine, Olívia Hime, Sérgio Santos e Zé Renato formam o luxuoso coral de solistas do CD (há versão também em DVD). As letras de Geraldo Carneiro e Paulo César Pinheiro são bem-humoradas mas também afetuosas, pois a musa é o Rio de Janeiro.

Diz Francis Hime: “Tratando-se de uma sinfonia, vemos que os temas se interrelacionam: a modinha e o choro, por exemplo, usam motivos melódicos semelhantes. Da mesma forma, o tema central da Canção Brasileira (“Uma esperança me invade, cruzando a cidade que o Cristo abençoa”) já havia aparecido de forma completamente diferente no lundu do primeiro movimento, que contém as onze primeiras notas da mesma melodia, embora com harmonias e ritmos bem diversos. Além disso, um tema recorrente (“Sol de Dezembro, Rio de Janeiro, águas de março, rosas de abril”), depois de ter sido apresentado de várias formas na abertura, funciona como ligação entre os movimentos. E reaparece no fim, dando um caráter cíclico à sinfonia.”

E, depois de lançado 1.º Compasso e 2.º Compasso, o selo Biscoito Fino apresenta 3.º Compasso – Samba & Choro. Gravado ao vivo, o disco conta com a presença de Francis Hime, Caio Márcio, Trio Madeira Brasil, Mariana Leporace, Yamandu Costa & Zé Paulo Becker e do grupo Garganta Profunda. E inclui as músicas: Choro Rasgado, Meu Caro Amigo, Tereza Sabe Cantar, Desvairada, Lamento do Morro, Agüenta Seu Fugêncio, 1 x 0, Nêgo Maluco, Beatriz, Chovendo na Roseira, Lata d’Água, O Pato e Desde que o Samba é Samba.

E está em relançamento pela Biscoito Fino Choro Rasgado, um CD recheado de sambas e choros originalmente lançado em 1997 (Universal). Na nova versão, o disco chega com duas faixas bônus. Soneto a Quatro Mãos e Gente Carioca. A primeira, um poema de Vinícius de Moraes e Paulo Mendes Campos, foi musicada a pedido da neta do poetinha, Mariana de Moraes, que canta em dueto com Francis.

A regravação de Gente Carioca atende a um desejo de Francis, que queria incluir no CD o som de uma grande gafieira. O compositor contou com a participação da cantora e compositora Joyce, além de um time de músicos formado por Altamiro Carrilho, Silvério Pontes, Paulo Sérgio Santos e Zé da Velha. Além das participações especiais, o disco chega às lojas com outra novidade: a capa, que ganhou programação visual caprichada.

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