É hip hop, rua!

“A verdadeira hiphopologia precisa ser esclarecida”, avisa o Z’África Brasil logo na primeira faixa do CD Antigamente Quilombos, Hoje Periferia. Pois cabe ao quinteto paulistano explicar a cultura hip hop. A aula surge na forma de quinze músicas, algumas instrumentais, em que o grupo aproveita para explorar o elo do movimento com a cultura afro-brasileira.

Mas o álbum não se limita à exposição de culturas. O Z’África Brasil não economiza no discurso na hora de colocar em ritmo e poesia a crítica sócio-política. A letra de A Cor Que Falta na Bandeira Brasileira, por exemplo, cobra a inclusão do vermelho na bandeira do Brasil, cor que representaria o sangue derramado por índios e negros no processo de construção do País. Ao mesmo tempo, a faixa-título do CD fala da vida na periferia montando um paralelo com a época da escravidão.

O que não quer dizer, na concepção do Z’África, que morar na periferia significa levar vida melancólica. Mano Chega Aí é o relato de uma jornada de diversão. “Quem disse que na periferia não dá pra curtir?”

Se o tom aqui é de bom humor, o astral melhora ainda mais em Se Eu Te Contar, em que vale até a autoparódia. Sem falar na hilária Sapo na Banca, que trata do consumo de drogas à maneira da malandragem.

Enquanto o Z’África fecha o CD com uma homenagem a Zumbi dos Palmares (O Rei Zumbi) que tem co-autoria e participação de Thaíde, o disco sela a merecida introdução do grupo a um público que talvez ainda não o conheça. Currículo invejável não falta. Além do rapper Pitchô e do DJ Meio Kilo, estão na formação MC Gaspar e Funk Búia, duas das maiores revelações do hip hop nacional. Outro nome do grupo é o rapper Fernandinho Beat-Box, mestre do “som de boca” que gravou com Fernanda Abreu e tocou com Charlie Brown Jr., Jorge Ben Jor e até Wyclef Jean, do Fugees. Talentos internacionais, aliás, dão o aval ao Z’África assim que o conhecem, como é o caso do grupo francês Assassin, que gravou duas faixas com o quinteto.

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