Dura na queda

Dia desses, Joana Fomm estava caminhando, lépida e fagueira, por Copacabana quando levou um tombo daqueles. Daqueles vexaminosos, diga-se de passagem, que rasga a calça e sangra o joelho. Imediatamente, formou-se uma pequena multidão de curiosos à sua volta. Mas, para a surpresa da atriz, em vez de se oferecerem para levantá-la, queriam mais é elogiar a sua atuação como a matriarca Viridiana McGold de Bang Bang. Cinco minutos depois, a tal aglomeração já havia se dissipado com a mesma velocidade com que se formara. "Todos, sem exceção, falaram muito bem da novela. O único problema é que nenhuma alma se dignou a me ajudar a levantar do chão", queixa-se a atriz, brincalhona.

Aos 65 anos, Joana Fomm se vale do incidente em Copacabana para assegurar que Bang Bang até que faz razoável sucesso nas ruas. Pelo menos, o público que sempre a parabenizou pelas vilanias cometidas por Yolanda Pratini, de Dancin’ Days, e Perpétua, de Tieta, entre outras, continua prestigiando o seu trabalho. Alheia à pífia audiência de 25 pontos da novela, Joana Fomm prefere enfatizar o clima de descontração que rola nos bastidores. A atriz chega a comparar o elenco de Bang Bang ao galático time do Real Madrid, da Espanha. "Se fôssemos ganhar o que eles ganham, estaríamos milionários. E pensar que, apesar de tudo, o Real Madrid ainda perde de vez em quando…", ironiza.

Qual é a sensação de interpretar uma personagem do bem depois de celebrizar tantas do mal?

 – A sensação é boa, mas admito que as vilãs marcam mais. Elas sempre dão margem a excelentes interpretações. A vilã pode tudo: ficar louca, sentir remorso, rir na hora errada… Já as muito boazinhas chegam a ser chatas de tão boazinhas. Certa vez, a Marieta Severo fez sucesso numa novela como a vilã e, depois, veio me dizer: "Agora entendo porque você só quer fazer a má…".

Você já passou por algum apuro nas ruas?

– Ah, já! Inúmeros… Quando eu fazia a Lúcia de Corpo a Corpo, um garçom se recusou a me atender no clube em que eu freqüentava. Até argumentei dizendo que ele estava trocando as bolas: a personagem era má, mas eu, não. Mesmo assim, ele não se conformou. "A senhora tá querendo me enganar…", resmungou. Tive de procurar outro garçom. (risos)

O que motivou você a fazer a Viridiana de Bang Bang?

– O texto do Mário Prata. Na primeira vez que li, já caí na gargalhada. Era engraçadíssimo. Parecia uma "sitcom". A princípio, me fez lembrar, inclusive, Beto Rockfeller, do Bráulio Pedroso, de tão ousado e irreverente que era. Infelizmente, deu no que deu. Mas o Prata tem esse sonho desde 1985. E sonho, você sabe, a gente tem de realizar. Lembro que, na época de Que Rei Sou Eu?, o Cassiano Gabus Mendes vivia dizendo que não estava fazendo a novela nem para o público, nem para a Globo. Era para ele mesmo.

Você se sentiu desmotivada com a saída do Mário Prata?

 – Desmotivada, não. Fiquei aflita mesmo. E bastante. Mas sabe de uma coisa? Acho que o pessoal costuma subestimar muito o telespectador. O povo é bem mais inteligente do que o pessoal supõe. Se você pensar bem, todos os grandes sucessos da tevê brasileira começaram assim, dando um passo à frente das demais. No começo, as pessoas não entenderam direito a proposta do Beto Rockfeller: "Meu Deus, que coisa doida? Qual é a graça disso?". O que não dá é para subestimar a inteligência do povo. Ouvi dizer que as classes C e D não sabiam quem era Freud. Não importa. Cada um aproveita a informação da melhor maneira possível.

O que você acha da decisão da Globo de escalar a modelo Fernanda Lima como protagonista?

– Sinceramente? Não acho que ela esteja tão mal assim… No fundo, acho que pegaram a moça para Cristo. Até parece que ela é a pior coisa que apareceu na tevê nos últimos anos… Isso não é verdade! Ela pode até não merecer uma nota dez. Mas também não acho que mereça uma nota zero. Tinha de haver uma nota intermediária: uma nota cinco, uma nota oito e meio, algo parecido… 

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