Do plano gravado ao espaço ocupado

Cláudio Boczon inaugura hoje seus trabalhos em ardósia. Ocupando espaços com planos bidimensionais impressos a partir de superfícies também bidimensionais placas de ardósia utilizadas originalmente para fins utilitários como revestimentos de paredes e pisos Claudio percorre um interessante caminho no processo de elaboração da obra. Retira primeiramente do material, sua utilidade funcional, de servir de piso e de parede, transformando-a em matriz geradora; registra as marcas que esse suporte conquistou através do tempo, suas texturas e fendas, por meio de impressões feitas em papel; e as devolve finalmente à parede, ao chão, e mesmo a outros objetos tridimensionais, agregando valores e elementos tensionais. Embora convidativas, essas superfícies não mais deixam claro se devem ou não ser pisadas ou interpretadas como parte da arquitetura. Assumindo um novo papel, colocam-se como interagentes, interditando por vezes, interferindo com certeza, sugerindo formas de leitura e ângulos de visão de mundo.

Nômade e mutante, a cada espaço ocupado a obra é outra, pois outros são os elementos que se apresentam para esse diálogo. Seus planos constituídos de sobreposições, transparências e monocromia, por vezes mimetizam-se, desaparecem no entorno.

O exercício da opção e da aceitação das perdas resultantes do que se preteriu amadurece, faz crescer. Acompanhar esse exercício no trabalho de Cláudio Boczon e poder participar das questões por ele suscitadas tem sido um privilégio bastante compensador.

Curitiba, dezembro de 2003.

Nascido em 20 de janeiro de 1968, em Curitiba, Paraná, onde reside, Claudio Boczon cursou Desenho Industrial na UFPR e Licenciatura em Desenho na Embap. Possui obras em acervos institucionais e particulares no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e na França, além de textos críticos publicados em catálogos de exposições.

Serviço

Exposição Do plano gravado ao espaço ocupado.

Monotipias em ardósia de Cláudio Boczon.

Local:

Centro de Criatividade de Curitiba, Parque São Lourenço.

Rua Mateus Leme, 4700

Abertura da exposição hoje ás 19h.

Período:

de 8 de junho a 1 de agosto de 2004.

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