Derrame tira Maranhão de cena

Morreu ontem pela manhã em Curitiba o diretor, cenógrafo, ator, produtor e artista plástico Armando Maranhão. O artista, de 82 anos, nasceu no Maranhão mas viveu grande parte de sua vida no Paraná. Entre os feitos mais expressivos em sua carreira estão a criação do Teatro do Estudante do Paraná (TEP) e o Teatro de Comédia do Paraná (TCP). O corpo foi velado no Cemitério Parque Iguaçu, em Curitiba, e será enterrado hoje, às 10h.

Maranhão sofreu um derrame cerebral. Segundo a família, o terceiro, desde 2003, quando ele deixou o trabalho. Para sua esposa, Violeta Moreira Maranhão, de 80 anos, é difícil falar sobre os fatos que mais marcaram na carreira do marido. ?Ele fazia tanta coisa ao mesmo tempo que nem sei mais o que destacar. Ele fez várias viagens ao interior com o objetivo de divulgar o teatro, além de levar a arte para hospitais e asilos?, lembrou. Seu afilhado, Dioggo Pereira, de 18 anos, disse que uma lembrança que ele não vai esquecer de Maranhão é a grande quantidade de prêmios que colecionava. ?É um orgulho falar que ele era meu padrinho?, disse.

Foto: Cíciro Back

Adaisi Cordeiro.

O artista estudou na Europa e teve professores como Frederico Felini, Roberto Rosselini, Diego Fabri, Lawrence Olivier, entre outros. Deu aulas de História do Teatro e Dramaturgia e participou do longa-metragem Onde os poetas morrem primeiro. O diretor de teatro João Luiz Fiani foi aluno de Maranhão e trabalhou mais de 20 anos com ele. ?Ele era um ser humano impressionante, uma criatura muito doce, apaixonado pelo teatro?, afirmou Fiani, ontem à tarde, depois de se entristecer ao receber a notícia do falecimento do ?grande mestre?, como disse ele. Outra aluna de Maranhão e comadre do artista, Adaisi Cordeiro, disse que ?se apaixonou pelo teatro grego depois de ter aulas com ele?. ?Eu ficava fascinada com o jeito que Maranhão contava as histórias. Ele era uma pessoa muito bem-humorada, nunca vi levantar a voz com ninguém?, disse ela. Adaisi também lembra que Maranhão dava muito valor ao teatro amador, principalmente em uma época em que toda a classe artística dedicava mais atenção à profissionalização. ?Ele também dava preferência aos estudantes de teatro mais jovens?, contou a comadre.

Maranhão morava em Curitiba desde 1947, quando começou a estudar engenharia, mas desistiu e logo foi para a área teatral. Com Violeta teve uma filha, Osima Maranhão, que tem 49 anos. Recebeu o título de Cidadão Honorário da Câmara Municipal de Curitiba e ainda recebeu do Centro Cultural Teatro Guaíra a Medalha Comemorativa dos 50 anos do Guairinha, homenagem concedida aos grandes nomes do teatro paranaense. 

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