Da Bélgica para Curitiba, Grafite faz show na terça

Dono de uma voz suave, com interpretação romântica e tocando variados acordes no violão, o cantor e compositor Alexandre Ferreira, ou Grafite (39), está de passagem pela cidade de Curitiba. O músico se destacou no cenário musical em 1984. Com apenas dezoito anos bateu o recorde de bilheteria no Teatro de Bolso de Curitiba em Fé-menino, seu primeiro show profissional. Após inúmeras turnês, trilhas de peças teatrais e apresentações, Grafite deixou os bares da cidade para se firmar como músico de sucesso na Bélgica, em 1989. De volta ao Brasil, Grafite apresenta o show Saudade de você, na terça-feira, dia 23 de agosto, no Teatro da Caixa.

?Freqüentei assiduamente a noite curitibana e fiz shows em diversas casas; conheci artistas da cidade, entre eles Paulo Leminski, de quem gravei uma poesia na canção Amar dura, no álbum Meio dia e dez?, conta Grafite. O músico lembra quando Leminski o apresentou a Caetano Veloso, seu maior ídolo, e o mesmo pediu que afinasse seu violão. ?Eu era garoto, aquilo foi o máximo.? Não foi o motivo, mas o cantor seguiu o caminho da tropicália. No início o ofício forçou-o a tocar samba, mas com o tempo, conheceu e tomou gosto pela MPB. A bossa nova e o baião marcam presença em sua música até hoje. Com um som instrumental, músicas cantadas em francês e português, para ele, o mais importante é gostar do trabalho. Sem contar Aleana, filha por quem Grafite se derrete. O resultado pode ser conferido em seu show e nos CDs Meio dia e dez e Le monde est un village, à venda no dia da apresentação.

Nascido em uma família de músicos, logo aos dez anos de idade compôs sua primeira canção, Eu vou sair desta cidade. O clique da criatividade provavelmente seja herança do pai, o compositor Lápis, um dos principais sambistas do Estado. Sua primeira apresentação ocorreu aos treze anos no programa Mário Vendramel. Em 1985 assina a trilha sonora de duas peças de teatro, Mulheres de Atenas, de Augusto Boal, e Vampirei em você no luar de cetim, de Nélson Di Cordova.

Somando ao currículo seguiram trabalhos como: show com o violinista Sebastiao Tapajós e trabalhos com Paulo Leminski, Nelson Di Cordova e Alice Ruiz, os principais nomes da cena cultural curitibana na época. Pelo Sesc da Esquina foi o compositor paranaense convidado a homenagear Noel Rosa. Com apresentações em quase todos os teatros de Curitiba, surgiram parceiros como Peninha, Geraldo Magela, Ewaldo Schel-leder, Bia de Luna e Raymundo Rolim. Em 1997 foi convidado a ser o violonista oficial do Grupo Meu Paraná, fundado pela cantora e compositora Mide, irmã de Lápis.

Sacrifício e sucesso

O salto na carreira se deu em 1989, quando, junto ao Grupo Meu Paraná, foi convidado a participar das apresentações do Festival de Música do Mundo, em cinco cidades belgas. ?Gostei daquilo. No término das apresentações o grupo voltou ao Brasil, mas resolvi ficar na Bélgica até o final daquele ano. Cheguei a passar fome e a dormir num porão, mas valeu a pena.? De volta ao Brasil Grafite dirigiu shows, estudou música e pouco tempo depois voltou para a Europa, desta vez para ficar.

Entre os destaques está a gravação de trabalhos com Donna Winner, umas das principais cantora belgas, com quem se apresentou na Alemanha, Suíça, Luxemburgo e Itália, e quando foi convidado a participar de um projeto para a RTBF, televisão belga, em 2002. O trabalho consistiu na gravação de Le Monde est un Village, um CD com participação de músicos de quatro continentes. As três primeiras faixas são: Matetê, Eid e Paticumbá, de Grafite, e as outras são músicas instrumentais de músicos da Ruanda, Bélgica e Síria. Nesse momento o cantor ganha grande destaque na mídia, incluindo reportagem especial realizada pelo programa televisivo 1001 Cultures transmitido para todo o mundo pela TV-5 internacional.

Serviço:

Grafite faz única apresentação no Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280), na próxima terça-feira, dia 23 de agosto, às 21h. Ingressos a R$ 15. Local com estacionamento próprio.

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