Curitiba segue fora do circuito dos grandes shows

Grandes nomes internacionais devem se apresentar no Brasil em 2011. Entre eles, Amy Winehouse, Shakyra e a banda U2. Eles devem passar por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis (SC), Brasília (DF) e Recife (PE). Porém, nenhum destes grandes shows deve acontecer em Curitiba.

O motivo continua sendo o fato de a cidade não ter um espaço adequado para recebê-los. Depois que a Pedreira Paulo Leminski foi interditada, em 2008, a cidade ficou carente de locais com capacidade para mais de 20 mil pessoas.

Nos últimos anos, a capital tem sediado apenas apresentações de pequenas bandas e cantores internacionais. Os espetáculos acontecem em lugares como o Curitiba Master Hall, que tem espaço para 3.400 pessoas; o Guairão, para 2.173; e Teatro Positivo, para 2.400.

Na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), mais especificamente no município de Pinhais, existe o Expotrade Convention Center. No local, foi realizado, por exemplo, o Curitiba Country Festival, no último mês de março. Nos anos de 2007 e 2008, o evento foi realizado na Pedreira.

“Curitiba é uma das poucas capitais brasileiras que não tem um espaço adequado para shows. Não seria difícil construir, na cidade, um espaço fechado que fosse utilizado não só para grandes shows, mas também para eventos em geral”, comenta o produtor cultural João Guilherme Leprevost, um dos responsáveis pelo Curitiba Country Festival.

João se diz a favor da reabertura da Pedreira, mas desde que isso seja feito com regras claras, para não prejudicar a população. “A Pedreira faz falta para Curitiba e foi fechada graças à irresponsabilidade de alguns produtores, que desrespeitaram o que foi combinado com a Fundação Cultural de Curitiba e a associação de moradores próximos.

Já o Expotrade é um espaço grande, mas cujo acesso é difícil. No último Curitiba Country Festival, que reuniu cerca de 40 mil pessoas, teve gente que levou até três horas para chegar ao local pela Avenida Victor Ferreira do Amaral. Até existem caminhos alternativos, mas eles são desconhecidos da maioria das pessoas”, declara.

Estádios

A Arena da Baixada, do Atlético Paranaense, localizada no bairro Água Verde, pode ser usada para grandes eventos, tanto é que está indicada para receber jogos da copa de 2014.

Porém, no ano passado, o estádio foi sede de apenas dois shows de artistas nacionais, que aconteceram em festas promovidas por empresas. A locação do espaço, dependendo do tipo de apresentação realizada, pode custar R$ 150 mil.

“Podemos montar um palco em cima do fosso do estádio, fazendo com que o mesmo fique com capacidade para cerca de 10 mil pessoas. Além disso, podemos utilizar o gramado, mas o mesmo tem uma cobertura bastante cara, o que encarece a produção do evento”, diz o coordenador comercial do Atlético, Péricles Souza. “Para que shows e eventos possam ser promovidos na Arena, é preciso conciliar a data dos mesmos com o calendário de jogos, o que às vezes é complicado para os produtores, que dependem das turnês dos artistas”.

Para receber jogos de futebol, o estádio atleticano tem a capacidade de 25 mil pessoas. O mesmo acontece com o Couto Pereira, do Coritiba, que abriga 37 mil expectadores em jogos.

As dificuldades para se realizar eventos em estádios são confirmadas pelo dono da Prime, Mac Lóvio Solek. “O custo dos estádios é muito alto e o calendário dos times é sempre apertado, pois acontecem jogos todas as semanas. Desta forma, não temos como promover eventos que necessitam de quatro a cinco dias para montagem de uma estrutura e outros três para desmontar. Os estádios só ficam livres depois de dezembro, quando ter,minam os campeonatos. Porém, a maioria das turnês de artistas param em novembro e só voltam em abril”.

Capital tem prejuízo cultural e turístico

Na opinião do diretor da Seven Shows, Fábio Neves – que promoveu grandes shows na Pedreira, como Pearl Jam, Evanescence, Avril Lavigne e Black Eyed Peas – o principal prejuízo causado pela falta de um espaço é cultural, pois Curitiba fica de fora das grandes turnês, deixa de oferecer este tipo de entretenimento a seus moradores e de ganhar notoriedade nacional.

Entretanto, a cidade também perde em relação ao turismo. “Grandes shows trariam muita gente para a cidade, o que iria movimentar hotéis, restaurantes e o comércio como um todo”, afirma.

Além dos grandes shows, Fábio acredita que a cidade também tem poucos bons espaços que comportem espetáculos de tamanho médio. “Há dois anos estou tentando trazer Disney on Ice para Curitiba e não consigo devido à falta de um espaço adequado para a montagem da estrutura. Ele foi levado para Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, mas Curitiba é sempre uma dificuldade”.