Criando uma cultura de moda no País

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A 18.ª Edição do São Paulo Fashion Week Moda Inverno 2005, começou na quarta-feira e continua até depois de amanhã. O evento, criado em 1997 pela vanguarda paulistana da moda, tem como objetivo incrementar e estabelecer a confecção brasileira, apresentar oportunidades para estilistas, comercializar os produtos nacionais internacionalmente, permitir que o mundinho fashion incha o ego em tamanhos absurdos e criar uma cultura para a moda brasileira.

Alguns pontos acima são importantes. Quem acha que tudo isso é muito fútil e desnecessário, lembre-se que a indústria da moda movimenta mais dinheiro no mundo do que qualquer outra atividade, exceto alimentos e armas. Também é importante salientar que em outras atividades, torneios de tênis, corridas de Fórmula 1, Olimpíadas, eleições (vide o que acontece no Congresso atualmente) existem as mesmas frescuras, os mesmos egos inflados e futilidades semelhantes.

Para avalizar o SPFW, basta destacar que o tradicional e fechado prédio da Bienal em São Paulo é liberado em todos os seus andares para o evento. Milhares de pessoas andam pelos salões que contam com exposições, salas tipo lounge, sentam nas diversas salas com telões, e alguns privilegiados penetram nas reservadissimas salas de desfile para admirar e discutir a moda que vem por aí. Até mesmo para quem se veste em lojas de bairros simples ou compra roupas no supermercado, verá que a tendência das apresentações neste SPFW é a mesma para os chiques que compram em butiques.

O importante é que o Brasil está criando uma cultura de moda. Os visitantes debatem o corte e costura, trocam idéias e criações, admiram os e as modelos, e a indústria nacional progride. Há muito tempo atrás, moda para os brasileiros – e todos gostavam – era apenas aquela que passava nos noticiários das emissoras de tevê, que apresentavam o prét-à-porter e a alta-costura européias.

Pelo que foi mostrado até agora, a moda está caindo para o conservador, para o romântico, mesmo assim colorida e alegre, com forte influência esportiva. A Osklen, por exemplo, se inspirou no alpinismo e outras atividades outdoors para desenhar suas roupas de inverno. A Zapping apresentou um desfile inspirado nos antigos shows Holiday On Ice.

Paranaenses

Muitos dos estilistas são provenientes das contemporâneas faculdades de moda. Gisele Nasser é uma paranaense que aprendeu o ofício com sua avó, Edith Buch, com quem trabalhou por dois anos em seu ateliê no interior do Paraná. Ela também estudou na Santa Marcelina. Ainda no 3.º ano trabalhou com o estilista Icarius, o qual a levou como assistente quando foi para a Ellus. Um toque teatral pode ser percebido em quase todas as coleções de Gisele. A estilista tem verdadeira paixão pela arte da interpretação.

Segundo sua biografia, ela expôs na Casa dos Criadores com cinco desfiles e, depois, integrou o Amni Hot Spot. Gisele é também diretora de estilo da marca Acqua, antiga Acqua & Sapone. A paranaense vai apresentar seus modelos na terça, às 18h.

Outro paranaense é Jefferson Kulig, o terceiro estilista a mostrar seu trabalho no SPFW no segundo dia de desfiles. Ele apostou mais uma vez no discurso do tipo o mais simples possível.

Ou por tentar ser criativo, ou por economia, o cenário de Kulig era sem qualquer luxo, e o público não gostou nem um pouco. Talvez por ser sua estréia, ele tentou o mais básico possível em termos de moda e colocou desenhos bem geométricos em suas roupas. No lado feminino, Kulig mostrou vestidos mais voltados para a noite, com babados godês.

Aliás, a tônica até agora do SPFW, muito romantismo, cores claras e fortes para as mulheres, escuros, marrons, cinzas, paletós e casacos para os homens.

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