Corrupção, doença contagiosa (2)

Quando nos deparamos com a praga da corrupção, a direção imediata é para os maus políticos. E geralmente acertamos. Contudo, não é exclusividade deles.

O maior de todos os mestres, Jesus, enfatiza:

?O que sai do ser humano é o que o faz impuro. Porque é do interior do coração humano que provêm às más intenções, as prostituições, as fornicações, os roubos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a maldade, a má, fé, as desonestidades, a inveja, a difamação, o orgulho, os desvarios. Todos estes vícios saem de dentro (do íntimo), e tornam o ser humano impuro?. (Marcos 7,20-27).

O termo coração, constantemente citado, não é o órgão responsável pela irrigação sangüínea de todo o organismo. É, sim, o coração com o sentido do ser.

Mas o que é o ser?

O ser é a individualidade existencial. Deus é o Ser Supremo. E o ser humano foi por Ele criado à Sua imagem e semelhança (Gênesis 1,16). Portanto, cada ser humano é uma fagulha do Ser Supremo.

Por que um coração se corrompe?

O coração não é a última instância do ser humano. Na medida em que é capaz de amar e negar o amor (odiar); é por isso que Cristo afirma: ?Onde está o teu tesouro, ali está também o teu coração? (Mateus 6,21).

Na verdade, a corrupção constitui o que se considera crise moral, que afeta muitas instituições. É um mal que contagia e se alastra, sub-repticiamente, e causa danos mais ou menos intensos, conforme o meio onde se desenvolve. E é tanto mais grave quanto mais é capaz de ferir e conturbar o bem comum.

Em nossos meios políticos este mal se agrava e se expande estimulado e cultivado pelo corporativismo, que condiciona a impunidade. Gera expectativas nas diversas camadas sociais, contaminando os corações vulneráveis, causando ou acentuando o desnível e a desordem social.

Ary de Christan é médico.

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