Cláudio Seto, 62 anos, será o primeiro cartunista de Curitiba a receber o título de Cidadão Honorário na Câmara de Vereadores. O prêmio será entregue hoje à noite. Um documentário sobre sua vida também está sendo produzido em homenagem a Seto, que trabalha para O Estado. O curta-metragem, dirigido por Rober Machado, está em fase de captação de imagens e, caso consiga recursos por meio da Lei Rouanet, será finalizado até o final deste ano.
Seto trabalha como cartunista há 50 anos. Tudo começou em duas cidades do interior de São Paulo (Lins e Guaiçara), onde ele estudou e também recebeu devidas homenagens. Em dezembro do ano passado, o cartunista recebeu o título de comendador na Câmara de Guaiçara. Mesmo trabalhando para O Estado, Seto também se desdobra em outros vários projetos, como pesquisas da cultura japonesa, que se transformaram em livros, consultorias na área cultural em entidades nipo-brasileiras e ainda trabalhos para jornais de São Paulo. Em Curitiba, Seto também trabalhou no extinto Correio de Notícias. Indagado sobre seu ?dom?, Seto afirma que sempre gostou de desenhar, ou seja, que não há explicações para tanto talento. Já quando se trata de seus trabalhos preferidos, a resposta é um pouco complicada para ele, tão apaixonado pela profissão. ?Não tenho nenhum preferido, gosto de todos. Prefiro pintar e desenhar. Mas o que gosto mesmo é mexer com bonsais. Tenho mais de mil em casa?, disse.
Samurai
Já o documentário intitulado Samurai de Curitiba será fruto de um trabalho de conclusão de pós-graduação de Machado. Porém, ele afirma que é muito mais do que isso. ?Espero que o projeto seja aprovado na Lei Rouanet. Assim vou conseguir mais recursos e poderei apresentar o documentário em festivais e em DVD?, disse ele. O documentário conta a vida de Seto desde a década de 60. O foco principal são suas produções em quadrinhos e mangás. Seto foi o primeiro cartunista a produzir mangás, tão famosos nos dias atuais. Quando tinha apenas nove anos de idade, ele foi estudar em um mosteiro zen no Japão, onde visitava o estúdio de Osamu Tezuka, conhecido como ?pai? do mangá. Além das homenagens, Seto já ganhou alguns prêmios de ?Mestre do Quadrinho Brasileiro?, como o HQ Mix e o Ângelo Agostini.
Segundo Machado, o documentário está sendo todo feito em Curitiba, mas possui também dois depoimentos de pessoas que conviveram com Seto em São Paulo. ?Eu acompanho histórias em quadrinhos desde a adolescência. Pensei em criar um documentário sobre a gráfica Grafipar, mas como os desenhistas de lá já não estão mais em Curitiba, decidi falar somente sobre Seto, que além de ser um grande desenhista, deu oportunidade para muitos outros artistas da área se destacarem também?, afirma Machado.
O documentário também contará com animações dos trabalhos de Seto, que serão feitas por José Aguiar, autor do recém-lançado Folhateen. Outra novidade, que também pode ser considerada uma homenagem a Seto, é a intenção da editora Mythos, que estuda a possibilidade de lançar um álbum com histórias produzidas por Seto na década de 70.