Cinzas de Chico Anysio são jogadas em serra

As cinzas do corpo de Chico Anysio já estão na Serra de Maranguape, cidade cearense onde o humorista nasceu no dia 12 de abril de 1931. Foram jogadas nesta quinta-feira, do alto de um helicóptero pela viúva dele, Malga Di Paula, e pelo filho adotivo André Lucas. Antes, em Fortaleza, houve uma despedida, no teatro batizado com o nome de Chico Anysio, que fica na Avenida da Universidade, no Benfica. Dela participaram humoristas locais e os irmãos Ciro e Cid Gomes, governador do Ceará.

Visivelmente emocionada, Malga Di Paula cantou em homenagem ao marido. “Esse é um dos piores dias da minha vida. Eu não queria trazer o Chico pra cá assim”, disse. “A gente não pensa nessas coisas. Casei com um homem 39 anos mais velho do que eu. Ouvi muito as pessoas dizerem: ‘Malga, você sabia que ele era mais velho e que iria partir antes de você’. Mas a gente não espera por esse momento”, prosseguiu.

A viúva falou também do amor que os uniu e da promessa que ela fez ao humorista nos últimos momentos de vida. “Prometi ao Chico. Tínhamos um laço afetivo. Um laço espiritual tão forte. E eu prometi a ele que estaria com ele até o final, até o último momento. E é por isso que eu faço questão de estar aqui, mesmo sendo muito difícil, onde eu vou devolver o Chico para vocês”.

Malga também fez questão de mencionar o apego do marido às origens. “Ele tinha muito orgulho de ser cearense. Ele sempre falou muito do Ceará. Ele tinha muito orgulho de Maranguape. Ele disse que os dois lugares onde foi mais feliz na vida dele foram o sítio de Maranguape e o Projac”. Durante toda a homenagem a urna com as cinzas ficou em cima de uma mesa no palco do teatro.

Na plateia, Ricardo Di Paula, primo de segundo grau de Chico Anysio, assistiu a tudo muito emocionado. Antes, ele mostrou aos jornalistas, todo orgulhoso, fotografias antigas ao lado do parente famoso. Fotos do tempo em que fora convidado a trabalhar com Chico na produção do programa “Azambuja e Cia”, que ficou no ar de março a agosto de 1975, e era exibido segunda-feira à noite, na Rede Globo.

A experiência de trabalhar com o primo foi descrita por Ricardo como “frustrante”. Isso porque ele queria estar na frente das câmeras. Mas Chico o colocou como um dos redatores do programa. “Acabei desistindo e voltando para o Ceará. Hoje, eu teria feito diferente. Teria aproveitado a chance que ele estava me dando”, comentou.

O governador Cid Gomes lembrou que, em homenagem ao artista ainda em vida, no calendário cearense, 12 de abril é o Dia do Humorista. O deputado federal Raimundo Gomes de Matos, natural de Maranguape, apresentou na Câmara proposta para que a data seja nacionalizada. Ciro Gomes apoiou a iniciativa. “Chico Anysio é a expressão mais alta da raça cearense. Era um talento, um gênio que brilhou no Brasil inteiro e que nunca esqueceu a sua origem, sua nascença entre nós cearenses, e a sua querida Maranguape. Este é um momento de tristeza, mas é também uma ocasião da gente fazer uma homenagem que vai ser o começo de um esforço, que a gente tem que fazer, de imortalizar esse cearense”.

Depois da homenagem no teatro, a urna funerária seguiu sobre um carro do Corpo de Bombeiros até a pequena Maranguape, a 30 quilômetros de Fortaleza. O cortejo, formado pela família e autoridades, deu uma volta na cidade e se dirigiu ao Estádio Moraizão. Quando chegaram à entrada da cidade, o governador Cid Gomes e Malga saíram do veículo e subiram no carro do Corpo de Bombeiros. Vários moradores estavam na porta de suas casas com bandeiras do município, esperando o cortejo passar.