Cineasta russo faz refilmagem de “12 homens e uma setença”

O filme "12" (2007), do cineasta russo Nikita Mikhalkov, que foi exibido no Festival de Veneza no ano passado, conta a história do julgamento de um garoto checheno, acusado de matar seu pai adotivo, um oficial do exército russo.

Um júri formado por 12 pessoas deve decidir o destino do garoto, incluindo um taxista racista, um sobrevivente do Holocausto, um médico misterioso e um hesitante produtor de televisão, todos representantes da sociedade moderna da Rússia.

O filme, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano, é uma refilmagem de "12 Homens e uma Sentença" (1957), de Sidney Lumet, que se concentra nos conflitos e revelações que vêm à tona no convívio dos 12 componentes de um júri reunido para decidir um caso de homicídio. 

Participam do elenco do filme, além do próprio Mikhalkov, que interpreta o presidente do júri, diversos atores russos vindos do teatro, como Viktor Verzhbitsky, Sergei Makovetsky, Aleksei Petrenko, Valentin Gaft e Sergei Garmash.

"É um filme sobre a Rússia, um filme quase ‘de uso interno’", declarou o diretor, ao apresentá-lo durante o Festival de Veneza.

Mikhalkov disse ainda que o fato de o jovem acusado ser da Chechênia é algo casual: "Não é sobre a guerra chechena que queria falar, mas sobre uma existência qualquer. Estão em cena 12 jurados que querem perder somente dez minutos de seu tempo: dar uma sentença e se ocupar com suas coisas".

Para o diretor, o verdadeiro tema do filme é "que não existe vida humana que não seja importante". "Nós nos encontramos e dizemos ‘como está?’, mas não fazemos isso para realmente para ouvir a resposta. Não somos mais capazes de escutar. Dostoievski dizia que é muito fácil amar o mundo todo, mas mais difícil amar uma só pessoa", disse o diretor, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro por "O Sol Enganador", de 1995. 

O filme tem 153 minutos de duração e o diretor recusou-se a fazer cortes. "Não sinto a necessidade de cortar. Quando se fala com alguém o certo é lhe dedicar todo o tempo necessário. Não se pode ‘zapear’ como na TV. É assim com o meu filme". 

Mikhalkov também reivindicou suas raízes como forma criativa: "Nós devemos nos nutrir de nossas raízes. Este é um filme russo e é certo que seja. Se nós nos metemos a imitar os filmes norte-americanos, as coisas não podem andar bem. A mim não interessaria ver um filme norte-americano que conta a história de Anna Karenina", disse o cineasta.

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