O músico e compositor paranaense Chico Mello deixa Berlim, onde vive há treze anos, e aterrissa hoje, às 23 horas, no Cine Música Bar. A única apresentação marca o lançamento do CD Do Lado da Voz, gravado na Alemanha, que traz o compositor em seu primeiro trabalho dedicado exclusivamente ao gênero canção. Um time formado por Sérgio Albach, Fernanda Farah e Guello acompanham o músico.
Chico Mello sempre integrou a tradição brasileira em diversas experiências da vanguarda internacional, tendo trabalhado com Dieter Schnebel (um dos expoentes da música experimental alemã), Silvia Ocougne (música brasileira improvisada), Carlos Careqa (canções), Arnold Dreyblatt (rock minimalista), Amélia Cuni (música indiana), além de compor para importantes grupos de câmara e grandes orquestras, como a sinfônica de Berlim, a da rádio de Colônia e a sinfônica da Baviera
Nos últimos anos, particularmente após estudos de canto indiano, e do trabalho desenvolvido com Silvia Ocougne (CD Música Brasileira De(s)composta) a canção e o cantar têm lhe interessado como forma de percepção. Surgiram assim, no início da década de 90, diversas “versões/des-composições” baseadas em canções brasileras. A mais importante delas foi Eu te amo de Tom Jobim e Chico Buarque, gravada para o CD 7 artistas do Brasil, que reaparece nesse nesse disco por ter sido a iniciadora desse ciclo.
Versões
Na seqüência novas “versões” foram sendo compostas: Pensando em ti, de Herivelto Martins, onde o universo interpretativo e sonoro de Chico Mello (com cordas e clarinetes) dialoga com a interpretação original de Nelson Gonçalves (fragmentos sampleados) e Rosa, de Pixinguinha, onde a melodia original é alongada, e o acompanhamento original de valsa é acelerado (com violões e darabuka – percussão turca). Outras canções tomaram sua forma definitiva partindo de improvisações ao vivo: Já cansei de pedir, de Noel Rosa, onde o estilo “antigo” de cantar e tocar saxofone é confrontado com fragmentos da peça de orquestra Amarelinha, de Chico Mello, na interpretação da Orquestra Sinfônica de Berlim, Mentir, de Noel Rosa, onde a sonoridade da gravação, o estilo interpretativo e os trumpetes feitos com voz remetem aos anos 30 e 40, e a silenciosa interpretação de Carolina, de Chico Buarque, que transita no limite entre a voz e o sopro.
O disco, que foi gravado em Berlim, Nürenberg e Curitiba, traz ainda no encarte alguns verbetes do dicionário escrito pelo compositor ao longo dos últimos anos. Do lado da voz foi lançado pelo selo Thanx God e tem distribuição da Eldorado.
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O Cine Música Bar fica na Av. João Gualberto, 81. Ingressos a 10 reais.