Caco Ciocler leva ao teatro ‘A Construção’, de Kafka

“Você já leu ‘A Construção’? Então, leia.” Foi essa sentença que Caco Ciocler ouviu durante uma sessão de análise, anos atrás. Naquele momento, a novela de Franz Kafka surgia como resposta para um sem-número de questões pessoais. E dela, o ator conta, não seria possível livrar-se mais. “Desde que li não consegui me desgrudar. Pensei: esse é o meu discurso enquanto artista.”

O espetáculo, que abre seus ensaios abertos a partir de hoje na Caixa Cultural e estreia dia 10 no Sesc Pompeia, nasce nesse contexto. Toma emprestado o texto do escritor checo para concretizar um desejo de verbalizar conflitos e perguntas muito particulares.

Quem conduz Ciocler na nova criação é o diretor Roberto Alvim. Ambos já haviam trabalhado juntos em “45 Minutos”, montagem do ano passado na qual o intérprete já prenunciava certa necessidade de espelhar a própria condição no palco.

Na peça, escrita por Marcelo Pedreira, mostrava-se um ator em crise com o próprio ofício. Desgostoso com aquilo que faz, ele se dizia obrigado a estar no palco. Estava ali apenas em troca do quarto que ocupava nos fundos do teatro. Provocava o público. A situação servia de pretexto para que se expusesse um dilema na ordem do dia para o teatro: como fazer arte em um mundo sedento por entretenimento?

De certa maneira, “A Construção” leva adiante o questionamento. Reafirma a recusa em oferecer algo de “palatável” à plateia. Assim como também aprofunda a estética que estava delineada na parceria anterior entre Ciocler e o encenador: os movimentos rareiam, toda a cena está imersa na escuridão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Construção – Caixa Cultural (Praça da Sé, 111). Tel. (011) 3321-4400. 5ª a dom., 19h30. Grátis. Ensaios abertos até 5/2.

Sesc Pompeia – Teatro (Rua Clelia, 93). Tel. (011) 3871-7700. 6ª e sáb., 21 h; dom., 19 h. R$ 4/ R$ 16. Até 25/3. Estreia em 10/2.

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