Brasil lembra os 60 anos da morte de Mário de Andrade

São Paulo – A dor foi aguda e fatal – às 22h30 do dia 25 de fevereiro de 1945, o escritor Mário de Andrade, então com 51 anos, não resistiu e morreu de problemas cardíacos. Para alguns amigos (Pedro Nava e Manuel Bandeira à frente), ele sofria um ?cruel desgosto? com efeito de ?assassinato? por conta da demissão do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo.

Teorias à parte, Mário deixou um legado inestimável, com participações não apenas na literatura mas em pesquisas folclóricas, na música, nas artes visuais. Os 60 anos da morte de um dos principais idealizadores da Semana de Arte de 1922 serão lembrados hoje por eventos em São Paulo, que comprovam a influência de sua obra.

No Centro Cultural São Paulo, será inaugurado o espaço expositivo permanente para o acervo da Missão das Pesquisas Folclóricas, com a exposição Cantos Populares do Brasil: A Missão de Mário de Andrade. Trata-se do material coletado por Mário durante a missão realizada em 1938 pelo Norte e Nordeste para registrar as manifestações folclóricas, especialmente dança e música. Na volta, trouxe instrumentos musicais, peças utilitárias, reproduções de desenhos, gravações musicais e filmes, material que hoje está sob a guarda do CCSP.

As peças selecionadas estarão distribuídas em quatro temas segundo as principais funções a elas atribuídas pela população: músicas de trabalhar, de cantar, de rezar e de dançar. Um módulo inicial conta a história da missão e, por último, os desdobramentos na música erudita brasileira.

Já a Casa Mário de Andrade, célebre edifício na Rua Lopes Chaves, 546, na Barra Funda, onde viveu o escritor, será palco também de uma série de atividades. Logo no início da manhã, às 10h30, haverá uma roda de capoeira em frente à casa. Ao meio-dia, 60 rosas serão depositadas no túmulo do escritor, no Cemitério da Consolação.

Uma missa comunitária será celebrada às 18h na Igreja da Consolação. Duas horas depois, no Sindicato dos Jornalistas (Rua Rego Freitas, 530), um evento marca reencontro com Mário de Andrade e Villa-Lobos. Finalmente, às 21h30 e novamente na Casa Mário de Andrade, o grupo A Barca faz uma apresentação. Os eventos serão acompanhados pelo ator Pascoal da Conceição, que interpretou o escritor na minissérie ?Um só coração?.

Uma das responsáveis pelo texto da minissérie, Maria Adelaide Amaral, é taxativa sobre a influência do escritor: ?A cultura brasileira não tem apenas uma dívida com ele pela sua contribuição ao modernismo, mas porque ele foi o primeiro a fazer o inventário das formas musicais do País e quem resgatou a cultura popular em suas diferentes manifestações folclóricas e indígenas?.

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