Barão Vermelho volta às origens em novo CD

Seis anos depois de seu último disco de estúdio (Puro Êxtase) e três anos depois de seu último show (no Rock In Rio 3), o Barão Vermelho está de volta, contrariando os prognósticos de quem achou que a carreira solo de Frejat enterraria o grupo. A bagagem da experiência é lembrada nas entrelinhas de Só o tempo, faixa que encerra o novo disco, de versos como “Quem sorriu com a maternidade/ Conhece a curva do tobogã”, mas da capa – com a fotos dos integrantes da banda e o nome Barão Vermelho estampado – à busca de uma sonoridade crua e letras de versos ácidos, o disco aponta para as origens do grupo.

“Não pensamos para este disco um conceito que direcionasse para certo tipo de música, de letra, de arranjo. Desde o início, decidimos que ele tinha que ter simplesmente a cara do Barão”, definiu Frejat, em entrevista coletiva que ele e seus colegas de banda Guto Goffi, Fernando Magalhães, Rodrigo Santos e Peninha concederam na última segunda-feira.

E o que é a tal cara do Barão? “A banda fala de coisas de um dia-a-dia urbano de quem mora no Brasil. E nosso som leva o rock para o universo do nosso País. Damos ao rock um sotaque brasileiro, que muita gente aqui pode não perceber, mas o gringo percebe. E não é pela precariedade da gravação, que durante um bom tempo marcou a diferença”, brincou o vocalista. “Fazemos uma poesia ácida. Embriague-se é bem Barão, nenhum outro grupo faria daquele jeito.”

O recado do Barão é claro: mergulhos na eletrônica, tambores do mangue beat e qualquer outra fusão neotropicalista estão fora do novo disco. Nada contra, mas a banda faz questão de manter o que Frejat chama de uma essência Barão, somos uma banda de rock. Essa essência é mais importante que outros eventuais interesses que cada um de nós, individualmente, como disse o próprio Frejat.

O discurso é coerente com o novo disco, que realmente não trai as raízes rock’n roll da banda combinando canções mais pesadas com baladas de acento blues.

Mas a fidelidade ao espírito juvenil do rock às vezes sente falta da maturidade que se esperava de uma banda com mais de 20 anos de estrada, como nos versos ingênuos de Pra toda a vida ou no riff pouco criativo e letra de apelo pueril de Cuidado, a música de trabalho. Em alguns momentos, porém, se vislumbra o melhor do Barão Vermelho.

Voltar ao topo