Romance

As mortes de Quincas Berro D’Água

Considerado por muitos críticos a melhor obra de Jorge Amado, A morte e a morte de Quincas Berro D’Água ganha a primeira adaptação para o cinema pelas mãos do diretor e roteirista Sérgio Machado.

O romance já foi traduzido para 21 idiomas e, só no Brasil, já vendeu mais de três milhões de exemplares – se tornando a segunda obra mais vendida do escritor baiano no País.

Quincas Berro D’Água – pseudônimo do ex-funcionário público Joaquim Soares da Cunha – é o líder de uma turma de malandros de Salvador que tem o azar de falecer na madrugada do dia em que completaria 72 anos. Mas, como para esse grupo a morte é apenas um detalhe, Quincas ainda vai aprontar muita coisa antes de morrer pela segunda vez.

A morte… é uma crítica azeda aos comportamentos burgueses, numa Bahia composta por duas sociedades paralelas e que quase nunca se encontram. Para o filme, o personagem de Quincas ganhou um intérprete de peso: o ator Paulo José.

Dividem a cena com Paulo, Marieta Severo, Mariana Ximenes, Vladmir Brichta, Flávio Bauraqui, Irandhir Santos, Luis Miranda e Frank Menezes, além das participações especiais de Milton Gonçalves, Othon Bastos, Walderez de Barros e Carla Ribas.

Quincas Berro D’Água já tem site oficial e blog, com histórias de bastidor, fotos, vídeos e promoções inusitadas tendo a boemia como tema, no endereço www.quincasberrodagua.com.br.

Preservando a atmosfera leve da comédia, o blog é marcado pela descontração e interação, com a participação do diretor Sérgio Machado, dos atores e da equipe técnica.

Sobre o livro

De todos os livros escritos pelo baiano Jorge Amado (1921-2001), A morte e a morte de Quincas Berro d’Água é considerada por muitos críticos literários sua obra mais importante.

Publicado inicialmente em 1959 como uma história curta na revista Senhor, ganhou dois anos depois sua publicação em livro. Hoje, passados mais de 50 anos, está perto de ter sua 100ª edição publicada no Brasil. Recebeu inúmeras traduções no exterior e ganhou montagem nos palcos do Uruguai, França e Espanha.

Foi a preferida de artistas consagrados como Carybé e Di Cavalcanti. Foi tema de música em 1974 e de duas adaptações para a TV – na última, um especial da Globo exibido em 1978, Quincas foi vivido por Paulo Gracindo.

A morte… é considerado um livro de transição entre as primeiras obras de Jorge Amado, marcadas pela denúncia social (Capitães da areia, Seara vermelha) e sua segunda fase, em que constrói um painel de costumes da sociedade baiana – iniciada um ano antes, com Gabriela, cravo e canela. Importantes críticos como José Ramos Tinhorão e Paulo Emílio Salles Gomes o consideram um romance atípico do escritor.

Com a obra mais conhecida de Jorge Amado, Dona Flor e seus dois maridos (1966), A morte… tem em comum a adoção do realismo fantástico: enquanto Vadinho volta dos mortos para continuar ao lado de Dona Flor, Quincas mantém-se entre os vivos mesmo depois de morrer.

No livro, são três as mortes vividas por Quincas. A primeira é a morte moral decretada pela família, humilhada perante a sociedade quando ele abandona a mulher, a filha e a carreira de funcionário público.

A segunda, a “morte de fato”, acontece na cama de seu quarto sujo. E a terceira, a morte desejada por Quincas, ocorre depois de todas as peripécias vividas com seus quatro amigos, quando cai no mar em plena tempestade.

No livro, os becos, as ruas, os espaços habitados pela gente pobre, humilde e excluída, da velha Salvador são dissecados aos olhos do leitor com humor e ironia, lidando de forma divertida, dolorida e irônica com a morte.

Em meio a esse humor, per,siste um fundo de crítica social: a morte de Quincas promove um inesperado choque de cultura entre a família de Quincas, de classe média, e seus amigos pobres da boemia e da zona de meretrício da Cidade Baixa. Em 2010, o diretor baiano Sérgio Machado é o responsável pela primeira adaptação do livro ao cinema, reafirmando a atualidade da obra nos dias de hoje.

Serviço

Quincas Berro d’Água, de Sérgio Machado. Estreia amanhã nos cinemas de Curitiba.

Voltar ao topo