Apostando no “sexo frágil”

A rotina do pacato dramaturgo pernambucano João Falcão nunca esteve tão atribulada. Autor de peças de sucesso, como Uma Noite na Lua, A Dona da História e Cambaio, ele conta os dias para a estréia de Sexo Frágil, a sua mais nova empreitada na Globo. Definido pelo próprio João Falcão como um misto de “comédia de situação com programa de variedades”, Sexo Frágil venceu uma disputa bastante acirrada para assumir as cobiçadas noites de sexta-feira, a partir do dia 17 de outubro, na vaga deixada pelo fim de Os Normais.

Com menos de dois meses pela frente, ele se desdobra entre mil reuniões, onde faz questão de opinar sobre tudo: da abertura da série à escalação do elenco, da maquiagem ao figurino. “Fico ansioso até com estréia de trilha sonora. Dá para acreditar? Isso aconteceu com Lisbela. Você nunca sabe como as pessoas vão reagir…”, admite.

Mas João Falcão não está sozinho nessa empreitada. Para auxiliá-lo na criação dos episódios, ele convocou alguns amigos de longa data, como Guel Arraes, Jorge Furtado, Cláudio Paiva, além da própria mulher, é claro, a também escritora Adriana Falcão. O elenco de Sexo Frágil também é só formado por velhos camaradas, como Bruno Garcia, Lúcio Mauro Filho, Wagner Moura e Lázaro Ramos. Os dois últimos, vale lembrar, alcançaram o estrelato depois de participarem de A Máquina, espetáculo dirigido por João a partir do texto de Adriana Falcão. “Quero transformar o Sexo Frágil numa espécie de companhia teatral. Eu tenho coxia com toda essa turma e isso faz a maior diferença”, acredita.

A série Sexo Frágil surgiu a partir do quadro Homem-Objeto, escrito pelo mesmo João Falcão e exibido no Fantástico em abril deste ano. O quadro, por sua vez, ganhou vida a partir de um espetáculo homônimo, baseado no livro As Mentiras que Os Homens Contam, de Luis Fernando Veríssimo. “Não temo ser tachado de machista. Os homens são frágeis mesmo! Eles sempre se dão mal, sofrem à beça… As mulheres, sim, são fortes e poderosas!”, valoriza o autor, casado e pai de duas filhas, Clarice e Isabel, de 11 e 8 anos.

Participações

A exemplo do que acontecia em Homem-Objeto – onde Deborah Secco, Luana Piovani e Mariana Ximenes enfeitaram alguns episódios -, João Falcão ainda não sabe se Sexo Frágil vai dispor de participações especiais. “Eu acho que a gente não vai resistir. Muito pelo contrário. Os meninos vão até agradecer”, sorri, maroto.

A presença ou não de “convidadas especiais” é apenas uma das muitas dúvidas de João Falcão. Mas ele faz questão de ressaltar que a série não tem um formato preestabelecido. “A princípio, eu queria ela se chamasse Sexta Sem Lei justamente por não ter regras. Quero abrir espaço, eventualmente, até para um número musical dentro da história”, exemplifica. De certo mesmo só que os quatro atores fixos vão interpretar personagens específicos e protagonizar histórias com início, meio e fim. No mais, João Falcão até admite o rótulo de “versão masculina” de Sex and the City, do Multishow, mas ressalva que a principal fonte de inspiração foi mesmo a boa e velha A Comédia da Vida Privada, exibida entre 1995 e 97, que marcou a estréia de João na tevê. “Sem dúvida, o Veríssimo é uma referência, um ídolo e espero que um colaborador também”, insinua.

De olho no Ibope

Até hoje, João Falcão não se conforma por A Comédia da Vida Privada ter sido cancelada só porque, na época, perdeu alguns pontos no Ibope para o programa Márcia, apresentado por Márcia Goldschmidt no SBT. A audiência, garante ele, não chega a ser uma neurose, mas uma preocupação. Afinal, Sexo Frágil assume a responsabilidade de manter a audiência de Os Normais – em torno dos 25 pontos. O horário, aliás, já deu bastante dor de cabeça à Globo. Antes de Os Normais, a emissora bem que tentou, mas não conseguiu emplacar na audiência com Muvuca e Garotas do Programa. “Quando você escreve um livro, é claro que quer que as pessoas o leiam. Mas você também não pode escrever só o que sabe que as pessoas querem ler. Você tem sempre que dar um passo à frente para surpreender o leitor”, observa.

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