Aperitivos reestréia na capital paranaense

Formado por seis peças completas sobre situações triviais e insólitas do cotidiano, com duração de 10 a 15 minutos cada, o espetáculo "Aperitivos", da Pausa Companhia, reestréia no dia 1.º de março no Teatro José Maria Santos, em Curitiba.

Centrado em peças curtas contemporâneas, Aperitivos, do autor americano Mark Harvey Levine (revelação do teatro contemporâneo dos Estados Unidos),  tem direção de Márcio Mattana, o elenco é formado por Rodrigo Ferrarini (stand by Luiz Bertazzo), Andréa Obrecht, Renata Hardy e Gabriel Gorosito. Em cartaz até 18 de março.

Esta é a primeira vez que peças escritas por Levine são traduzidas para o português e montadas por uma companhia brasileira. Em comum os seis textos têm um elemento surpreendente, que beira o absurdo. Por meio de textos ágeis e repletos de informação, os personagens são desenhados rapidamente. Em poucos traços, o público enxerga muito dos personagens. ?Essa é a grande graça e o talento do autor?, afirma Márcio Mattana.

São meia dúzia de histórias (?hilárias e absurdas?, segundo o diretor), reunindo todas um elemento surpreendente. Em "O Aluguel", Sônia ganha de presente de aniversário um namorado de aluguel, contratado pra fazê-la feliz por um dia. Ele é perfeito, mas vem com prazo de validade de apenas um dia, o que deixa Sônia perturbada. ?O autor brinca com a dualidade quase universal entre homens e mulheres. Enquanto a maioria dos homens vive mais o presente, elas se preocupam mais com o dia seguinte?, comenta o diretor.

Em outra história contada no espetáculo, "Surpresa", o paranormal Peter tem o dom de prever o que vai acontecer nos próximos dois minutos. Entretanto, seu talento não é nada saudável para relacionamentos amorosos. Nessa história, o dado real é que o cara tem inteligência racional, mas é um desastre em questões emocionais.

Para dar liga aos curtíssimos textos O Aluguel, Surpresa, Aperitivos, Super-herói, Tons e Roteirizado, o diretor Márcio Mattana concebeu um formato divertido: em cena, entre um e outro quadro, os quatro atores aparecem como garçons, servindo a platéia (em sentido figurado), como se cada peça fosse um prato oferecido ao público. ?Juntei as seis peças, cada uma com começo, meio e fim. Procurei um ponto em comum entre elas e encontrei a saída na idéia do garçom, contida em Aperitivos, a terceira história, que se passa em uma festa onde estão sendo servidos aperitivos absurdos?, conta Márcio Mattana, explicando que a montagem é baseada nessa idéia simples.

Nesse formato, os próprios atores reorganizam uma a uma as próximas cenas, e a direção brinca com essa analogia com a função do cozinheiro e a do artista. ?A mecânica do espetáculo é essa?, fala o diretor, ressaltando que o mais importante da montagem é o conteúdo. A comédia e a atualidade temática são fatores comuns aos seis textos do espetáculo. Para Márcio Mattana, grande parte do humor da peça se dá pelo fato de as situações representadas no palco estarem presentes no cotidiano do público. ?Por trás de uma comédia veloz e eficiente existem personagens humanos?, explica o diretor, enfatizando o caráter realista da encenação. Para ele, as questões humanas são o grande valor da peça. E sobre elas ele procurou jogar um foco de luz doce e luminoso: ?Ao mesmo tempo que diverte, o espetáculo é extremamente afetivo?.

Pausa Companhia

Formada por remanescentes do grupo Trapaceiros & Cia. (O Despertar da Primavera, 1998/99, Romeu e Julieta, 1999/00), a Pausa Companhia nasceu do interesse comum por uma pesquisa centrada na dramaturgia contemporânea.

Em 2004, a Pausa Companhia produziu Gravidade Zero, monólogo de Mário Bortolotto dirigido por Emília Hardy e interpretado pelo ator Gabriel Gorosito. Foi o primeiro trabalho independente da companhia. E o grupo seguia na tendência de focar uma dramaturgia absolutamente contemporânea, sintonizada com a linguagem e os problemas da atualidade. O espetáculo foi citado pela imprensa como um dos melhores espetáculos do Fringe, no Festival de Teatro de Curitiba. No fim de 2004, a companhia iniciou uma pesquisa centrada em peças curtas contemporâneas de língua inglesa, reunindo, traduzindo e analisando material de autores como Martin Crimp, Will Eno, Julia Jordan, Bridget Carpenter e Mark Harvey Levine. Em 2005, como primeiro fruto desta pesquisa, a companhia produziu Aperitivos.

A peça esteve em cartaz em São Paulo, em 2006, no centro Cultural São Paulo e recebeu excelentes críticas da mídia paulistana. Ainda em 2006 esteve em cartaz no Festival de Teatro de Curitiba. Para 2007, além da temporada no Teatro José Maria Santos, a peça poderá novamente ser vista no Fringe e a partir de abril fará uma turnê nacional viabilizada pelo Projeto Palco Giratório ? promovido pelo SESC.

A companhia segue a tendência de focar a pesquisa numa dramaturgia absolutamente contemporânea, sintonizada com a linguagem e os problemas da atualidade, e também prepara, para o dia 22 de março, a estréia nacional do espetáculo Menos Emergências, do britânico Martin Crimp.

Serviço:
"Aperitivos" de Mark Harvey Levine
Teatro José Maria Santos (Rua 13 de maio no.655 )
De 1.º a 18 de março
Quinta a Sábado 21h00
Domingo 19h00
Duração 70 minutos
Informações 33047954
Festival de Teatro de Curitiba – FRINGE
Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280)
De 26 a 30 DE MARÇO 18h00

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