50 romances para uma biblioteca básica

Um leitor amigo, que há muitos anos acompanha com atenção os meus escritos, tanto em livro como na imprensa, quer saber quais os cinqüenta romances fundamentais da literatura universal que deveriam integrar uma biblioteca básica. Foi essa mesma, "ipsis litteris", a pergunta do estimado leitor que vem me honrando, ao longo do tempo, com seus elogios e com suas críticas pertinentes, que via de regra acato com humildade.

Não é fácil responder a tal indagação. Afinal, quem sou eu para ousar sequer dar uma resposta a tal pergunta, nos exatos termos em que foi formulada? Até porque devem existir e certamente existem inúmeros romances fundamentais que eu não cheguei a ler, razão pela qual a minha nominata estaria sujeita a graves omissões.

O que eu posso fazer e farei é arrolar os meus cinqüenta romances preferidos. Assim sendo, o leitor que acompanhe o meu rol deverá ter bem presente o conhecido brocardo latino: "de gustibus non erat disputandum". Gostos não se discutem, evidentemente. Quando muito, podem ser lamentados…

Aí vai, pois, a minha lista, talvez precária, naturalmente imperfeita, certamente incompleta. Deixando de lado romancistas do nosso condomínio lingüístico, bem como autores vivos, começarei, como não poderia deixar de ser, pelo Dom Quixote, de Cervantes, considerado cronologicamente o primeiro romance moderno e, quiçá, na opinião de grandes críticos internacionais, o maior de todos. Embora, pessoalmente, eu não endosse a segunda parte dessa visão axiológica.

Seguem-se quatro romances de dois russos de gênio: Tolstoi e Dostoiewski. Do primeiro, Guerra e paz e Ana Karenina; do segundo, Os irmãos Karamazov e Crime e castigo.

E a minha nominata privativa prossegue com Wilhelm Meister, de Goethe, Ilusões perdidas, O pai Goriot e Eugênia Grandet, de Balzac, Grandes esperanças, David Copperfield e Pickwick, de Dickens, O vermelho e o negro e A cartuxa de Parma, de Stendhal, Madame Bovary e Sallambô, de Flaubert, A letra escarlate, de Nathaniel Hawthorne, Tom Jones, de Fielding, Middlemarch, de George Eliot, Germinal, de Zola, A feira das vaidades, de Tackeray, Os miseráveis, de Victor Hugo, Almas mortas, de Gogol, e Pais e filhos, de Turgueniev. Continuando, arrolo mais os seguintes títulos: Lord Jim, de Joseph Conrad, Tess dos d’Ubervilles e Judas, o obscuro, de Thomas Hardy, O processo Maurizius, de Jakob Wasserman, O falecido Matia Pascal, de Pirandello, Jean Cristophe, de Romain Rolland, Os Thibault, de Roger Martin du Gard, A consciência de Zeno, de Ítalo Svevo, O processo, de Kafka, O lobo da estepe e O jogo das contas de vidro, de Hermann Hesse, Em busca do tempo perdido, de Proust, Ulisses, de Joyce, O Don silencioso, de Cholokhov, A montanha mágica, Doutor Fausto e José e seus irmãos, de Thomas Mann, As vinhas da ira, de Steinbeck, Doutor Jivago, de Pasternak, A fome, de Knut Hamsum, A condição humana, de Malraux, A peste, de Camus, A morte de Virgílio, de Hermann Broch, Um homem sem qualidades, de Musil, O som e a Fúria, de Faulkner, e Memórias de Adriano, de Margueritte Yourcenar.

Deixei de lado, repito, romancistas do mundo lusófono, bem como autores vivos, cuja seleção é ainda mais difícil do que aquela que tive oportunidade de fazer. Sugiro, inclusive, que o prezado leitor elabore a sua própria lista privativa. Quantos dos seus romances arrolados coincidirão com os da minha nominata?

João Manuel Simões é escritor

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