Vitórias no Nordeste podem classificar o Coxa

Se quiser manter o sonho da Copa Libertadores presente, o Coritiba terá que ser um time “saudosista”. Serão dois jogos no Nordeste, a partir de amanhã (17h), contra o Vitória, e a equipe terá que voltar a marcar pontos fora de casa como fez no primeiro turno.

Há exatos 97 dias o Coxa não vence uma partida longe de seus domínios – o último triunfo aconteceu em 24 de agosto, contra o Figueirense. Naquele momento, chegava ao auge o aproveitamento alviverde jogando fora do Couto Pereira. O time chegou a ter a segunda melhor campanha do Brasileiro longe de casa, atrás apenas do Cruzeiro (e empatado com o Santos). Mas nesse período de pouco mais de três meses, o Cori perdeu o diferencial que o mantinha perto da liderança. À época, a distância para o time mineiro não passava de seis pontos.

Agora, o Coritiba é o quinto colocado, e está a 22 pontos do virtual campeão brasileiro. E o rendimento fora de casa, que passava dos 50%, caiu para 39,68% – a campanha tem sete vitórias, quatro empates e dez derrotas em 21 jogos. Nas últimas partidas, derrotas para Guarani, Vasco, Atlético, São Paulo, São Caetano e Fluminense. Esse péssimo aproveitamento colabora para os parcos quatro pontos nos últimos dezoito disputados.

Daí a preocupação de Paulo Bonamigo em retomar com urgência a característica da equipe. “Nós precisamos desses resultados. É responsabilidade nossa conseguir duas vitórias em Salvador e Fortaleza”, comenta o treinador, reforçando involuntariamente a pressão que cerca a equipe nesta reta final de Brasileiro. Para isso, ele quer uma equipe equilibrada. “Sempre jogamos com consciência e pragmatismo. Se fizermos isso e tivermos vontade de vencer, podemos trazer seis pontos do Nordeste.”

O técnico alviverde reconhece que o estilo de jogo não era dos mais bonitos. “Nem sempre jogávamos bem, mas conseguimos os resultados. Contra o Fluminense, dominamos o tempo todo, só que perdemos. Não adiantou nada”, afirma. “Quando fomos uma equipe aplicada, sempre foi muito difícil nos vencer. É isso que temos que recuperar para os próximos dois jogos”, afirma.

Os jogadores também sabem que é a hora de descobrir o que houve de errado nos últimos 97 dias. “Precisamos refletir enquanto há tempo. Falhamos, caímos de produção e perdemos pontos importantes. Agora não dá mais para errar”, diz o meia Jackson. “Nós temos que ter aquela atitude que sempre mostramos. Os adversários sempre nos respeitavam porque sabiam que nós jogávamos para vencer”, completa o centroavante Marcel.

E é essa a intenção de Bonamigo – que o Coxa vença Vitória e Fortaleza para jogar menos pressionado contra o Criciúma. “Precisamos manter a vantagem de depender apenas dos nossos resultados”, afirma. E se é para ser saudosista, o secretário Domingos Moro aposta no histórico coxa. “Nos anos 70, o Nordeste conheceu o Coritiba de Hidalgo, de Cláudio, de Aladim, de Krüger e de Zé Roberto. Tenho certeza que a tradição coxa de grandes vitórias por lá vai se repetir”, garante o dirigente.

Time definido. Com Pepo e Jackson juntos

Chega de mistério. O técnico Paulo Bonamigo conseguiu o que queria ao esconder por três dias a escalação do Coritiba – ontem, os titulares fizeram seu melhor treinamento na semana, “obrigando” o treinador a confirmar a equipe que enfrenta o Vitória amanhã. E os melhores foram justamente aqueles que alimentavam as dúvidas: comandados por Jackson e Pepo, os alviverdes seguem hoje para Salvador.

A intenção inicial do técnico alviverde era manter o mistério, mas o trabalho da manhã de ontem o animou tanto que ele resolveu confirmar a equipe. “Se o time jogar como treinou, nós temos todas as condições de vencer o Vitória”, garante Bonamigo. Ele sentiu na equipe a volta da vibração, que por sinal ele pediu seguidamente essa semana. “Nós precisamos ter essa cobrança, essa vontade a mais”, resume.

Olhando a forma que a equipe está escalada (Fernando; Maurinho, Danilo, Odvan e Lira; Reginaldo Nascimento, Roberto Brum, Pepo e Jackson; Edu Sales e Marcel), vê-se que Bonamigo pretende retomar o sistema de jogo que melhor rendeu na temporada. “Desde o início do ano jogamos assim. No Paranaense, fomos campeões invictos com o melhor ataque e a melhor defesa. No Brasileiro temos o sexto melhor ataque e a sexta defesa menos vazada. Por isso que eu digo que nós precisamos de equilíbrio”, comenta.

Nesse ponto, entra Pepo, que foi um dos melhores do treino. “Com ele em campo, nós ganhamos em compactação e aproximação”, elogia Bonamigo. E Jackson também ganha, já que ele se tornou o meia ofensivo que ele foi no início da carreira. “Nesse esquema, eu me aproximo muito dos atacantes, e estou mais perto do gol”, comenta o armador. “Não posso perder o talento do Jackson. Nessa posição, ele nos ajudou muito e fez belíssimos gols”, relembra o treinador, citando as partidas contra Paysandu e São Caetano, ambas no primeiro turno.

Pepo é aposta em equilíbrio

Não tem jeito. Passa tempo, chegam os jogos decisivos e lá está Pepo, pronto para ser titular. Como sempre aconteceu nos últimos anos, o meia do Coritiba aparece em partidas importantes, tendo que comprovar a confiança que os treinadores depositam nele. No jogo de amanhã contra o Vitória, mais ainda, já que nele estão jogadas as esperanças de (enfim) se encontrar um substituto para Tcheco.

A trajetória de Pepo no time profissional começou no início de 2001, mas sua entrada em cena foi triunfal. Ele foi a surpresa do time na primeira partida da final da Copa Sul-Minas contra o Cruzeiro de Luiz Felipe Scolari (que contava com o hoje coxa Jackson no meio-campo). Tão rápido quanto apareceu, o jogador sumiu.

Tempos depois, no clássico Atletiba do Brasileiro daquele ano, Pepo foi escalado no lugar de Evair, que se lesionara, e foi um dos destaques do Coritiba. Naquela ocasião, ele sequer treinara entre os titulares, e a entrada dele causou tanta celeuma que Ivo Wortmann chegou a se atritar com alguns jornalistas. A marca do hoje técnico do Paysandu é tão grande que o meia chega a imitá-lo em conversas informais.

Dali em diante criou-se uma ?tradição? para Pepo. “É interessante mesmo. Fico feliz de ser lembrado nessas horas”, comenta o jogador.

Pela Sesquicentenário, desafio começa hoje

A série de ?mata-matas? do Coritiba na Copa Sesquicentenário começa hoje, às 16h, no Couto Pereira, contra o Francisco Beltrão. Apesar de fazer o primeiro jogo em casa, o ?expressinho? alviverde não tem desvantagem na série – nem vantagem, já que o regulamento prevê apenas a soma de pontos como válida para o desempate. Caso o “Coxinha” vença por 4×1, na quarta o Beltrão poderá vencer por qualquer placar que a partida vai para a prorrogação (com ?golden goal?) e, caso necessário, pênaltis.

O time do auxiliar Hércules Venzon só não vai totalmente reforçado porque o centroavante Marco Brito foi sacado à última hora. Abriu-se vaga então para Edinho Baiano, que será o capitão da equipe. A provável formação tem Júnior; Tesser, Juninho, Edinho Baiano e Leandro; Carlão, Peruíbe (Ricardo Malzoni), Djames e Alexandre Fávaro; Marlon e Helinho. Para quem quiser assistir ao jogo, os ingressos de arquibancada custam R$ 6,00, com meio-ingresso a R$ 3,00.

O outro confronto do grupo A – do futebol profissional – é entre Atlético e Londrina, que jogam segunda-feira em Londrina.

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