Vila Capanema pode ser realidade para o Paraná

Depois de 34 anos de intermináveis batalhas jurídicas, o Paraná Clube vê de forma mais real a chance de ter a posse definitiva da Vila Capanema. O superintendente do escritório regional da extinta Rede Ferroviária Federal, Ruy Alberto Zibetti, propôs uma solução amigável para o processo que envolve o terreno e o Durival de Britto. Uma vez finalizado o acordo, que pode envolver indenização a ser sugerida pelo governo federal, o Tricolor terá chance de ampliar e modernizar o estádio.

"Pela primeira vez em mais de três décadas houve uma reunião amigável. Foi um momento glorioso para a história do clube", comemora o presidente tricolor, José Carlos de Miranda. Na quarta-feira, Zibetti reuniu-se com a cúpula paranista e sugeriu que o caso fosse resolvido com a intermediação da Advocacia Geral da União (AGU) – que vai herdar todos os processos da rede – e da Secretaria de Patrimônio da União (SGU). "Ruy tem uma visão conciliatória, que nos emocionou", afirmou o presidente.

A antiga estatal, extinta através de medida provisória publicada no último dia 6 de abril, negocia alguns bens que não são considerados de uso "estratégico" pela União. A Vila Capanema estaria inserida nesta parcela do patrimônio. "Mas é preciso cautela, não podemos passar por cima do trâmite jurídico. Não há uma negociação efetiva, e sim a demonstração de interesse em estabelecer solução prática", falou Zibetti.

Em 1997, houve tentativa de negociação entre o Paraná e o escritório regional da Rede. O clube chegou a apresentar um projeto de ampliação do estádio, mas o acordo não evoluiu. "A Rede só aceitou conversar pela nossa insistência, mas não mostraram real interesse em negociar", sustenta Miranda.

Logo após o encontro, Miranda nomeou uma comissão para tratar exclusivamente do assunto, composta pelo advogado Márcio Nóbrega, os conselheiros Luiz Carlos Marinoni e Alphonse Voigt, o vice jurídico Luiz Carlos de Castro e o ex-presidente Ernâni Buchmann. A comissão tentará marcar audiências com o Ministério dos Transportes, a AGU e a SPU, que podem negociar valores para uma indenização. "Se tivermos que pagar, no mesmo dia chamaremos nossos investidores e pagaremos", garante o presidente, prevendo que esta audiência aconteça dentro de 45 dias.

Segundo Miranda, o anúncio da iniciativa da rede, feito por ele em reunião dos conselhos na noite de quarta-feira, gerou comoção, aplausos e abraços nos cerca de 100 conselheiros.

Um novo estádio para abrigar 20 mil torcedores

Se o processo pela posse da Vila Capanema realmente for extinto, o Paraná Clube pode lançar imediatamente um projeto já pronto para modernizá-la. O novo Durival de Britto teria capacidade para 20 mil torcedores, espaço para shows, praça de alimentação e outras benfeitorias.

O presidente José Carlos de Miranda disse ter firmado um pré-acordo com um empresário "fortíssimo", que se comprometeria a pagar a indenização a ser estabelecida no processo com a Rede Ferroviária Federal – que giraria em torno de R$ 5 milhões – e custearia a reforma e ampliação do estádio. Em troca, exploraria comercialmente os arredores da Vila por determinado período de tempo, entre outras compensações. "Mas poderíamos avaliar novas propostas e promover uma espécie de licitação", falou Miranda, que não revelou o nome do empresário.

O presidente tricolor refutou a possibilidade de ceder o nome do estádio ao novo parceiro, a exemplo do que fez o Atlético com a Kyocera. "É um compromisso nosso com a Rede preservar a memória de Durival de Britto", disse Miranda, citando o ex-presidente da RFFSA que dá nome ao estádio.

Duas estréias, mas Renaldo está fora do time

As duas estréias servirão tão-somente para compensar os desfalques do Paraná Clube no jogo de amanhã – às 18h10, no Morumbi – frente ao São Paulo. O zagueiro Daniel Marques e o atacante Borges entram nas vagas de Fernando Lombardi e Renaldo, que ontem chegou a treinar, mas voltou a se queixar de dores no tornozelo esquerdo e acabou vetado pelo departamento médico.

O técnico Lori Sandri preferiu não correr o risco de perder Renaldo por um período maior. O atacante deixou o gramado visivelmente nervoso e seguiu para o vestiário sem dar entrevistas. Avaliado pelos médicos, Renaldo chegou a se colocar à disposição da comissão técnica, mas sabendo que não suportaria os 90 minutos. O treinador optou, então, por não correr riscos e confirmou a entrada de André Dias no ataque.

"O jogo é importante, mas o campeonato só está começando e não adianta forçar uma situação", ponderou Lori. O técnico, reconhecendo a qualidade do adversário, ressaltou a necessidade do seu time jogar "com inteligência", mas não admite adotar uma retranca no primeiro jogo fora de casa. "Perdemos na primeira rodada e é importante somar pontos. É claro, tentando anular os pontos fortes do São Paulo, que não são poucos".

A velocidade – e o constante deslocamento – de Borges deverá ser a principal arma do Paraná. O jogador sabe que o entrosamento ideal só ocorrerá com a seqüência dos jogos. "Fiz só dois coletivos desde que cheguei e é pouco. O jeito é superar tudo com muita vontade", disse. A nova dupla de ataque entra em campo sem ter realizado um coletivo. "Treinei com o Renaldo e agora vou jogar com o André Dias. É jogo para superação". A rigor, Borges só trabalhou com André Dias no treino de quarta-feira, quando Lori armou a equipe principal com apenas dez jogadores.

Já o zagueiro Daniel Marques estréia com a missão de dar estabilidade ao setor.

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