Vadão pode escalar três atacantes com Washington

A velha máxima de que os melhores devem ser encaixados no time deverá acontecer no Atlético. Com isso, a dança dos esquemas táticos no time de Osvaldo Alvarez não vai se limitar ao 4-4-2 e ao 3-5-2. Com a contratação do atacante Washington, o treinador já projeta o acréscimo de uma nova “numerologia” para poder usar o artilheiro. O clássico e ofensivo 4-3-3 será mais uma forma de o rubro-negro atuar no campeonato brasileiro. Tudo para que Vadão não tenha que descartar Ilan ou Dagoberto, que voltaram a se destacar nas últimas apresentações e são os artilheiros do time na temporada.

“Vou ter que pensar numa formação com três atacantes. Sou obrigado a pensar porque tanto Ilan quanto Dagoberto vêm vindo bem”, diz o comandante do Furacão. Para ele, no entanto, o mais importante é acelerar a fase de preparação de Washington para que ele esteja apto a jogar o mais rápido possível.

Mas, assim que ele estiver liberado para atuar, Vadão terá que queimar neurônios para arranjar lugar para tanto atacante. “A partir do momento que as coisas estiverem bem encaminhadas nós vamos pensar no aspecto tático. Por enquanto, a gente não tem necessidade de pensar assim”, pondera. O treinador espera poder contar com o atacante o mais rápido possível. Informalmente, o próprio Washington acredita que dentro de 15 dias poderá ser inscrito como jogador do Atlético. “Enquanto vai correndo esse prazo a gente vai acelerando os treinamentos. Ele é um jogador que não tem problema de peso, que já é uma grande coisa e isso facilita bastante”, aponta.

Coletivo

Enquanto isso, Vadão trabalha com o que tem e aposta no 4-4-2 para enfrentar o Juventude, às 16 horas de domingo, na Arena. Com a confirmação da volta do meia Adriano, a única dúvida fica para o companheiro de Capone na defesa. No coletivo de ontem, Rogério Correia (que cumpriu suspensão automática na partida contra o Cruzeiro) ganhou a preferência e saiu na frente para voltar a ser titular. Nos treinos de hoje e no coletivo apronto de amanhã, o treinador também deverá experimentar Juliano, Tiago e Ígor para ver quem pode se sair melhor contra os gaúchos.

Vadão mantém o prestígio

O técnico Osvaldo Alvarez não vive uma situação agradável no comando do Atlético, mas mantém o prestígio com os torcedores. Em 13 partidas à frente da equipe rubro-negra, o treinador conseguiu conquistar apenas 38,5% dos pontos disputados. Um aproveitamento inferior até do que obteve Heriberto da Cunha, que foi enxotado da Arena e do clube pela torcida após perder em casa para o Grêmio Maringá. Mesmo assim, o comandante do Furacão mantém a confiança e acredita na recuperação, principalmente devido ao entrosamento da equipe e à contratação do atacante Washington. Em entrevista ao Paraná-Online, Vadão diz que essa equipe ainda vai dar muitas alegrias aos torcedores.

Paraná-Online

– Antes do campeonato você estava prevendo um aproveitamento de 70% para a conquista do título e o Atlético está muito abaixo do esperado. O que você pretende fazer para reverter isso?

Vadão

– Nós temos que correr atrás do prejuízo. Tem duas, três equipes que deslancharam, mas as demais nós estamos próximos. Temos que aumentar o nosso percentual e, se a gente não trabalhar na conquista de 65 a 70%, fica difícil almejar o título. Embora seja um campeonato diferente e pode ser que esse percentual até caia para 60%. O mais importante é a gente ter uma seqüência boa de resultados positivos para que a gente encoste e fique mais próximo do bloco que está disparado.

Paraná-Online

– Você chegou aqui com bastante crédito da torcida, que agora está desconfiada. Mais resultados ruins podem abalar esse relacionamento entre ela e você?

Vadão

– Eu não posso pensar assim. Eu acho que o torcedor está dando um tempo, um espaço até pela confiança que tem no nosso trabalho, mas eu não posso me preocupar. Eu sei que se os resultados negativos continuarem as coisas também ficarão difíceis. Se eu fosse pensar dessa forma, de não ter esse confronto com o torcedor, eu não teria aceitado vir para o Atlético porque eu sabia que era um time jovem, de garotos e era uma reformulação que estava sendo feita. Era muito mais confortável esperar um outro momento para vir. Se eu vim para esse desafio é porque eu tenho confiança que esse trabalho vai dar certo e eu tenho certeza que o torcedor também vai ficar satisfeito com isso. Agora, estão chegando alguns jogadores mais experientes como o Capone e o Washington, que vão dar uma força maior ao grupo…

Paraná-Online

– Com a virtual contratação de Washington o grupo fica fechado para o brasileiro?

Vadão

– Por ser um campeonato muito longo e o prazo de inscrição terminar lá na frente a gente não pode dizer que está, mas 99% do grupo está fechado. Eu acho que dificilmente a gente vá fazer outras contratações. A não ser que for precisar vender alguém ou alguém, machucar ou tiver alguma coisa que precisar ser suprida.

Washington é nome para uma nova dupla

Washington chega ao Atlético com uma grande responsabilidade: ser o comandante de uma nova dupla artilheira rubro-negra. Com o novo contratado, o Atlético conta hoje com onze jogadores de frente em seu elenco e a expectativa da torcida é de que a equipe volte a ter uma dupla matadora, que coloque as defesas adversárias na roda.

Ao longo de sua história, mais do que destaques individuais, o Atlético tem tradição de revelar duplas artilheiras, que apavoravam as defesas adversárias e levavam a galera ao delírio. A primeira delas surgiu em 49, ano em que o Atlético conquistou o título estadual com três rodadas de antecedência. Jackson e Cireno mostraram um entrosamento fora do normal e toda a magia daquele time – que teve o meia Neno como artilheiro (18 gols) e Caju como goleiro menos vazado – deu ao Rubro-negro a alcunha de Furacão, que virou o apelido mais popular do time da Baixada.

No final dos anos 60 – 68, mais precisamente – a chegada de Sicupira daria um novo ânimo ao ponta Nilson Borges, que já estava no clube havia algum tempo. A sintonia dos dois foi imediata e o “casamento” durou muito tempo. “Tive a oportunidade de jogar com muita gente, mas foi com o Nílson que joguei mais”, diz Sicupira, que foi artilheiro nos campeonatos paranaense de 70 e 72. “Naquele tempo era mais fácil fazer sucesso em dupla, pois os jogadores ficavam bastante tempo nos clubes e o entrosamento era perfeito. Hoje a rotatividade é muito grande”, lembra o maior artilheiro do Atlético.

O brilho da dupla dos anos 70 voltou a ser reeditada, desta vez com repercussão nacional. Em 82, Washington e Assis se encontraram para formar o “Casal 20”, que ajudou a equipe a chegar ao bicampeonato estadual e em 3.º lugar no campeonato brasileiro. A dupla estendeu o sucesso ao Fluminense e à seleção brasileira. “Pode não ter sido a melhor, mas certamente foi a mais memorável”, admite Sicupira.

Recentes

Pouco mais de dez anos depois, foi a vez de Oséas e Paulo Rink entrarem na área e marcarem o nome do Atlético no cenário nacional. Após ajudar a equipe a subir para a primeira divisão, deram show no Brasileirão de 96, quando o Rubro-negro chegou às quartas-de-final da competição e foi eliminado pelo eterno carrasco Atlético Mineiro.

Por fim, após o sucesso ao lado de Lucas, em 99, quando o Atlético se credenciou a disputar a primeira Copa Libertadores da América (2000), o polêmico Kléber ganhou a companhia de Alex Mineiro e, juntos, levaram o Rubro-negro à maior conquista de sua história, o título de campeão brasileiro, em 2001.

Com a chegada de Washington, que foi artilheiro no Paraná Clube e na Ponte preta, resta saber quem será o seu companheiro de artilharia. Como a dupla Ilan e Dagoberto começa a mostrar sintonia, o técnico Vadão terá uma doce dor de cabeça quando o novo contratado estiver apto a entrar em campo. Quanto aos demais atacantes – Selmir, Fernandinho, Fabinho, Jadílson, Tuske, Lobatón, Lê e Ricardinho – a paciência terá de ser uma virtude exaustivamente praticada.

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