Um passeio do Ourinhos

São Paulo – Um torneio esvaziado pela falta de competitividade, sem estrelas, quase sem TV e pouco público, o Campeonato Nacional Feminino de Basquete terminou ontem com um campeão invicto: Ourinhos. O time da ala Micaela, a melhor jogadora do Nacional, ganhou o terceiro jogo do playoff, contra o Limpol/São Caetano por 70 a 55 (30 a 35), fechando a série melhor-de-cinco por 3 a 0 para comemorar o bicampeonato fora de casa.

E de forma impecável, com 25 vitórias consecutivas. Ontem, quando o jogo começou, haviam 214 pessoas no ginásio Joaquim Cambaúva Rabello.

A ala Micaela, a Kaé, foi a cestinha do jogo, com 23 pontos. Kaé, de 26 anos e 1,80 m, foi a melhor jogadora do brasileiro. E já anunciou que está de partida e passará os próximos três meses jogando na Polônia, onde também está a brasileira Karla. Não sabe o nome da equipe ou da cidade, mas está indo para o exterior, destino das principais atletas do primeiro e segundo times do basquete feminino do País. Janeth está na Espanha, Isiane nos Estados Unidos… Sem investimentos em clubes, as atletas não conseguem bons salários no Brasil. A cubana pivô Lisdeivi Victores Pompa, titular do time campeão de Ourinhos, também pode seguir para a Polônia com Micaela. E Ourinhos fica sem as atletas para o Paulista, que deve começar entre 10 e 15 de março.

"Não foi muito complicado, nosso time investiu e os outros não. Tínhamos de entrar para ganhar, fazer valer a supremacia", afirmou Kaé, que viaja na quinta-feira.

A lateral já atuou no italiano Pool Comense, de Como.

O técnico de São Caetano, Norberto José da Silva, o Borracha, definiu com precisão. "Chegamos onde podíamos, São Caetano foi um bom sparring", definiu ele, que defende a necessidade de uma reestruturação no basquete feminino, com mudança de calendário e introdução de ranqueamento.

Ourinhos é um time que custa cerca de R$ 70 mil por mês (sem as viagens) e é mantido por um pool de patrocinadores. a camisa está repleta de nomes (FIO, Pão de Açúcar, Unimed, Prefeitura de Ourinhos, Wizard, Castor

e Marvi). E ainda tem um mecenas, o empresário Chico, de 70 anos, apaixonado pelo esporte que pagava os salários de Kaé, Ega e Liliam. "Assim, se sai um cotista fica mais fácil repor. Antes, com os grandes patrocinadores, o time acabava quando eles saíam", afirma o técnico Antônio Carlos Vendramini, que já conquistou 6 Taças Brasil e quatro títulos do Nacional. "Para mim os dez campeonatos tiveram o mesmo peso, mesmo valor", afirmou, sem querer comparar esse com torneios que tinham Paula, Hortência e Janeth. "Ainda bem que Ourinhos é hoje um centro do basquete?.

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