Tricolor comemora três pontos no Castelão

Uma tarde que não será esquecida. Jogando em pleno Castelão, em Fortaleza, o Paraná Clube venceu ontem o Ceará por 1×0 – com um gol de mão, o “gol Giba” de Wellington Silva.

O resultado, conquistado com muito sofrimento e luta dos jogadores, coloca o Tricolor na 11.ª posição no Campeonato Brasileiro da Série B, aliviando muito o risco de rebaixamento.

Seria um jogo muito complicado de qualquer jeito. Com a crise técnica tricolor, mais ainda. Percebendo que o time não conseguia embalar na Série B (constatação com apenas uma partida), o técnico Roberto Cavalo decidiu montar um “ferrolho”, com três zagueiros e três volantes, exatamente o contrário do time faceiro que iniciou contra o Juventude. “Será que vai dar certo?”, perguntavam-se os torcedores.

No início, deu. Se o Paraná não marcou nenhum gol nos primeiros minutos, pelo menos impediu as principais ações ofensivas do Ceará e preocupou o técnico rival Paulo César Gusmão, que gritava desesperadamente pedindo que seu time tocasse mais a bola.

Com Geraldo marcado por Luiz Henrique, Mota e Wellington Amorim acompanhados pela trinca de zagueiros e a movimentação do meio-campo impedida, os donos da casa estavam paralisados.

Mas o Paraná não conseguiu criar muitas chances. E no momento em que o Tricolor diminuiu o ritmo da marcação, o Vozão chegou com mais perigo – e quando isso aconteceu, Zé Carlos fez uma ótima intervenção no arremate de Jorge Henrique e uma sensacional em uma cabeçada à queima-roupa do veterano Mota.

Aos 42 minutos, um lance que vai para a antologia dos erros de arbitragem. Márcio Goiano cobra escanteio, Gabriel desvia e Wellington Silva, que não chegaria, meteu a mão na bola – quem sabe baixou o espírito do mais famoso torcedor do Paraná, o multicampeão de vôlei Giba.

Gol ilegal, confirmado pelo árbitro alagoano Charles Hebert Cavalcante Ferreira. Desespero dos cearenses, principalmente porque a assistente Ticiana de Lucena Falcão Martins apontou o erro. “Gol é gol”, resumiu o centroavante. “O erro faz parte do jogo”, disse Roberto Cavalo.

Ao apito do intervalo, a confusão tomou conta do Castelão. Enquanto os jogadores reclamavam do árbitro, um segurança do Ceará deu duas pancadas em Gabriel e a briga foi generalizada.

A arbitragem, intimidada, não fez nada. O gerente de futebol do Paraná, Beto Amorim, prestou queixa na delegacia do próprio Castelão, acusando dois seguranças dos donos da casa.

O segundo tempo foi tenso. A cada lance os jogadores do Ceará estrilavam, querendo que o juiz aplicasse a famosa “lei da compensação”. Houve muita pressão, mas poucas chances.

Quando chegou com perigo, o Vozão parava em Zé Carlos, um dos destaques tricolores no Castelão. O Tricolor também chegava, e Gabriel chegou a acertar o travessão em uma fortíssima cobrança de falta.

Enquanto PC Gusmão entulhava o Ceará de atacantes, Roberto Cavalo recuava o time. Aos 34, abdicou de vez de atacar ao sacar Rafinha e promover o retorno de Goiano, após longa ausência. A partir dali, só deu alvinegro contra os cinco volantes do Paraná.

O árbitro colaborava com os donos da casa, dando cinco minutos de acréscimo. O final do jogo pareceu demorar uma semana para chegar. Mas chegou. E o Paraná conseguiu uma insólita, improvável e importantíssima vitória.

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