Treinador do Atlético viaja pra Alemanha. Clube diz que ele voltará

Cercado de polêmicas, o técnico Lothar Matthäus embarcou para a Alemanha, reacendeu especulações sobre um ingresso na seleção germânica, mas promete estar de volta até domingo. Oficialmente, ele foi visitar os filhos numa viagem que já estava programada no acerto entre ele e o Atlético. Assim, o restante da comissão técnica toca o barco enquanto aguarda o treinador para dirigir o time na partida contra a Adap, pelas quartas-de-final do Campeonato Paranaense. Hoje, o alemão será julgado por ?insultos? à arbitragem e pode pegar até 180 dias de gancho.

?Essa viagem estava programada para ele resolver problemas particulares?, disse Márcio Bittencourt, da Stellar Group, empresa que representa Matthäus. De acordo com Bittencourt, que esteve em Guarulhos para acompanhar o embarque do alemão, o treinador foi ver a família. ?O principal motivo da viagem foi este. Ver os filhos, mas não sei dizer quando a família dele virá ao Brasil?, revelou. Durante o Carnaval, a esposa de Matthäus, a sérvia e monte-negrina Marjana esteve no País para ver os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Mesmo com essa explicação, a especulação em torno de um possível ingresso na seleção alemã rolou solta após a informação de que Matthäus embarcou para a Europa ser revelada. ?Não tem nada a ver, sábado ou domingo ele estará de volta?, garante Bittencourt. Na Alemanha, a batata do técnico Jürgen Klinsmann está assando. Como mora nos Estados Unidos e o time não engrena às vésperas de Copa do Mundo, uma substituição por Matthäus poderia acontecer a qualquer momento. A diretoria do Furacão não se manifestou sobre o assunto.

De certo mesmo, somente o julgamento do alemão pelo TJD paranaense. Ele não estará presente, mas será defendido pelo advogado Domingos Moro e terá o tradutor Klaus Junginger como principal testemunha de defesa. Ele está incurso no artigo 188 do CBJD (Manifestar-se de forma desrespeitosa ou ofensiva contra árbitro ou auxiliar em razão de suas atribuições, ou ameaçá-los.) e pode pegar de 30 a 180 dias de gancho. Na súmula da partida Atlético 1 x 1 J. Malucelli, o árbitro José Ricardo Bigarski Stolle relatou que Matthäus dirigiu-se ao assistente com o dedo em riste e proferiu as seguintes palavras: ?árbitro arrogante, árbitro arrogante?, e em seguida, teria se dirigido ao vestiário.

Ainda segundo Klaus Junginger, o técnico do Rubro-Negro teria também dito ao árbitro da partida que ?o papel dele (Bigarski) era de defender a integridade dos jogadores em campo?, referindo-se às faltas recebidas pelos jogadores do Atlético. ?Foi isso que ele disse, foi isso que traduzi naquele momento?, explicou o tradutor.

As peripécias de Matthäus no Furacão

4/1 – O técnico aparece no CT do Caju para uma ?visita de cortesia?. Dá entrevistas. Não fala em assumir o comando do time.

5/1 – Explode a bomba! Matthäus negocia com o Atlético e começa a prospectar sua vida em Curitiba, como local de moradia, escola para o filho, passeios pela cidade…

– Em São Paulo, já fala como treinador e faz planos para o time rubro-negro.

11/1 – Matthäus confirma em seu site que será técnico do Atlético. Depois de negar, negar e negar, diretoria não tem escolha e também faz o mesmo.

30/1 – O alemão chega a Curitiba e inicia seu trabalho à frente do time. Numa coletiva para a imprensa mundial, ele é apresentado.

1.º/2 – Ele assiste de camarote o time passar com dificuldades pelo Cianorte por 4 a 3 na Arena. Clube anuncia Jost Vieth para auxiliar.

5/2 – Momento épico.

Matthäus assume o comando do time na Baixada e é aplaudido de pé por 10 mil torcedores.

8/2 – Vence o Rio Branco por 3 a 2.

12/2 – Vence o Nacional por 2 a 1, em seu primeiro jogo no interior.

15/2 – Classifica o Atlético (na vitória por 3 a 1 sobre o Moto Club) na Copa do Brasil.

16/2 – Vai ao Rio de Janeiro se encontrar com Franz Beckenbauer e cumpre compromissos publicitários. Deixa o time aos cuidados do auxiliar Jost Vieth.

19/2 – Escala o time no hotel e ganha do Francisco Beltrão por 6 a 0. A delegação volta de ônibus. Matthäus vai a Foz do Iguaçu regularizar o visto de trabalho.

20/2 – Discute com um funcionário do clube, com o procurador Ertan Goksu e quase vai às vias de fato com um fotógrafo nas Cataratas do Iguaçu.

25/2 – Enfrenta as primeiras dificuldades, empata com o Iraty por 2 a 2 e critica abertamente os jogadores.

26/2 – Vai curtir o Carnaval carioca com a esposa, Marjana.

1.º/3 O inferno astral do treinador aumenta, com uma matéria polêmica na revista Placar. Publicação troca foto da mulher de Matthäus.

2/3 – Novo empate, desta vez com o J. Malucelli, agora por 1 a 1. Torcida vaia o time.

3/3 – Revista alemã Der Spigel tenta fazer entrevista com o treinador, que discute com o mesmo fotógrafo no hall do hotel onde está hospedado. Confusão e a turma do deixa disso intervém.

5/3 – O time volta a jogar bem e goleia o Cianorte por 5 a 1. Técnico não dá entrevista.

6/3 – Clube anuncia novas medidas de comunicação para a imprensa, e restringe acesso dos jornalistas no CT.

7/3 – Embarca para a Alemanha ?para resolver problemas particulares?. Imprensa especula que Matthäus estaria cotado para a assumir o comando da seleção alemã.

Ígor na geladeira do Rubro-Negro

Depois de Aloísio dizer que o presidente Mário Celso Petraglia o teria enganado, agora é o zagueiro Ígor que aponta o cartola-mor do Atlético como o responsável pela ?geladeira? que ganhou. Mesmo com o clube buscando mais um zagueiro, o atleta treina em horários distintos do grupo principal para que o técnico Lothar Matthäus não o veja. O atleta disse que gostaria de jogar, que pretendia renovar, mas não vê mais chances no clube. Ígor, 26 anos, foi campeão brasileiro pelo Rubro-Negro em 2001.

Paraná-Online – Como está a sua situação aqui no Atlético?
Ígor – Fui afastado do grupo desde o começo após fazer a pré-temporada e os jogos-treinos. Estava prestes a atuar e depois do afastamento, com a chegada do Lothar, não deixaram nem ele me ver e isso me deixou chateado. Me falaram para estar pronto para uma negociação. Mas, poderia treinar com o grupo para manter a forma e, quem sabe, jogar. Nem isso aconteceu. Continuo trabalhando à parte.

Paraná-Online – Você não foi nem apresentando ao treinador e nem deram a oportunidade de te avaliar?
Ígor – É isso mesmo. Talvez eles quisessem dar oportunidades a outros jogadores e, se estivesse por ali, com certeza faria de tudo para poder jogar e iria me esforçar ao máximo.

Paraná-Online – Você não acertou os ponteiros com o Petraglia?
Ígor – O Petraglia estava bravo comigo e esclarecemos esse fato, eu e o Luís Gustavo (novo procurador do zagueiro), até porque era uma coisa mal explicada entre ambas as partes. O Petraglia entendeu, mas ele foi bem enfático no que ele falou, de que só estou aberto para negociação e empréstimo.

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