Torcida está na bronca com isolamento da Seleção

Os torcedores que foram ao CT do Caju para ver a Seleção Brasileira novamente ficaram frustrados. Mais de uma centena de populares tomaram chuva e se espremeram na frente do portão de acesso aos campos de futebol, mas apenas parte da imprensa credenciada pôde ver os treinamentos da tarde de ontem. O povo, aliás, foi praticamente ignorado.

Na esperança de entrar, gritos como “Dunga, bundão, libera o portão” ganharam o coro dos populares. Indignados, alguns torcedores viveram momentos de barrabravas e provocaram enaltecendo os bons e velhos rivais canarinhos: “Maradona é nosso rei” e “Argentina, Argentina, Argentina”. Essa era a resposta de quem saiu de casa para ver seus ídolos de perto e no fim não conseguiu.

“Essa seleção nem parece brasileira. Não volto mais aqui. Baita desrespeito com o povo. Depois o Dunga reclama que xingamos ele. Como podemos apoiar o Brasil se os jogadores fogem da gente?”, questionava um torcedor, em meio a uma roda de bate papo em frente ao CT.

Apesar do transtorno, pessoas como o estudante Welington Diniz, 15 anos, colocaram em prática um pouco de ginástica para ver os jogadores. Trepado em cima de um muro, o garoto comemorou o aceno de um dos craques que mais admira. “O Robinho me deu tchau. Gritei o nome dele e ele parece que até sorriu. Nossa. Quase tombei de alegria”.

Na tentativa de conter a frustração da torcida canarinho, a assessoria de imprensa da CBF prometeu que na quarta-feira o escrete de Dunga irá dar as caras ao público.

Porém, apenas para se despedir. Neste dia a Seleção embarca no aeroporto Afonso Pena e segue para Brasília, última parada nacional antes da viagem até a África do Sul.

Dona Neuza não larga o verde e amarelo

Allan Costa Pinto
Torcedora implora chance pra ver os astros. Mas vai ser difícil.

Na alegria e na tristeza, Maria Neuza Rosas é uma figura conhecida em eventos públicos de Curitiba. Trajando calçados e vestimentas de cor verde e amarela, a dona de casa, de 59 anos, foi ao velório de Zilda Arns chorar e clamar por patriotismo.

Ontem, aproveitando a estada canarinho no CT do Caju, ela tirou as mesmas roupas e bandeira do armário. Foi festejar perto do escrete de Dunga. Maria Neuza, no entanto, não viu nenhum atleta e também não foi vista pela Seleção Brasileira. Mas mantém a esperança.

“Quem sabe ele (Dunga) me assiste na TV, olha minha foto em algum jornal e me deixa ver os jogadores. Fui escolhida por Deus para estar aqui. Já que costumo andar sempre sozinha, caso o Dunga não me aceite, a vida continua. Só eu e Deus caminhando por aí”, disse.

Enquanto suas preces não são atendidas, a dona-de-casa planeja o próximo local onde vai mostrar toda sua fé pela pátria brasileira. “Onde tem evento eu vou. Acho que minha próxima parada vai ser na Boca Maldita ou quem sabe nas missas lá no Terminal Guadalupe. Sempre mostrando que essa nação deve ser louvada com fervor. Vamos pra frente Seleção Brasileira”.