Taça da Copa do Mundo está em São Paulo

A Taça da Copa do Mundo da Fifa é nossa. Pelo menos até às 19h de hoje ela permanece em solo brasileiro. Ontem ela foi apresentada no Memorial da América Latina, em São Paulo, para a imprensa esportiva e convidados da Coca-Cola, empresa que está patrocinando o passeio da taça por outros 84 países.

Hoje será a vez do público, que teve acesso com ingressos antecipados, participar da exposição. Além de poderem ver a taça os visitantes passam por outras quatro salas temáticas que envolvem temas e assuntos ligados à disputa mundial desde a primeira Copa, realizada em 1930, no Uruguai. Antes de São Paulo, a taça ficou dois dias no Rio de Janeiro, e amanhã segue para Santiago, no Chile.

Representando a seleção de 1970, que ganhou o tricampeonato no México, Carlos Alberto Torres, Rivelino, Clodoaldo, Félix e Edu também participaram do evento, recebendo das mãos do presidente da Coca-Cola Brasil, Xiemar Zarazúa, uma placa comemorativa de 40 anos da conquista da Taça Jules Rimet.

O capitão da Copa de 70, Carlos Alberto brincou com os presentes ao repetir o gesto de beijar e erguer a taça para fotos e imagens das televisões. “Ela pesa pra burro. Bem mais que aquela do México”, disse o capitão da seleção brasileira daquela época fazendo referência também à disputa atual do cobiçado troféu.

“O México teve o privilégio de ser o palco dessa seleção maravilhosa. E pude ver de perto o que esses jogadores fizeram em 1970. É um orgulho poder retribuir a alegria que esta seleção deu ao mundo com uma homenagem que celebra os 40 anos daquele título”, disse Zarazúa.

Mostrando descontração, Carlos Alberto lembrou ainda que a taça poderia ficar mais tempo em terras brasileiras. “Ela tem até as cores do nosso país, talvez seja um sinal de que ela deve ficar aqui mais tempo”, disse sorrindo o capitão.

“É um prazer receber essa taça aqui no Brasil”, agradecendo depois à empresa pela homenagem aos campeões de 70. “Existem campeões mais jovens, mas lembraram da gente, 40 anos depois”, completou o lateral-direito da seleção que tinha ainda Pelé, Tostão, Jairzinho, Paulo César Caju, Britto, Everaldo, Piazza, entre outras feras que encantaram o mundo e continuam sendo eternamente lembradas.

Para o ministro dos Esportes, Orlando Silva, que também participou da cerimônia de abertura da exposição em São Paulo da taça da Fifa, “a chegada da taça aumenta o clima de animação que antecede não só a Copa de junho na África do Sul, como também da nossa responsabilidade na preparação para recebermos a Copa do Mundo em 2014 no Brasil”.

Papo de quem entende de bola

Julio Tarnowski Jr.

Wander Roberto/Divulgação
Tricampeões no México comentam sobre a seleção de Dunga.

Dispostos, bem humorados, atenciosos e falando com autoridade sobre futebol. Quem são os personagens? Nada menos que cinco jogadores que conquistaram o tricampeonato da Copa do Mundo no México, em 1970, para relembrar de boas passagens com a camisa da seleção, e para também dar pitacos sobre o momento atual da equipe brasileira, dos adversários e possíveis surpresas na competição mundial na África do Sul.

Confira abaixo um pouco do que o goleiro da seleção Félix, do lateral-direito Carlos Alerto, dos meias Clodoaldo e Rivelino, e ainda do ponteiro-esquerdo Edu falaram após o evento de ontem, realizado no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Quem leva o caneco?

Todos foram unânimes em apontar a seleção brasileira como forte candidata a conquistar o hexa da Copa do Mundo. “O Dunga tem feito um bom trabalho. É um treinador sério e não deixará o pessoal relaxar”, diz Edu, ex-jogador do Santos nos anos 60/70.

Novas convocações

O quinteto também é quase uníssono quando se questiona se o grupo que o técnico Dunga levará para a próxima Copa já está fechado. Para Rivelino, ex-meia esquerda do Corinthians e Fluminense, “tem vaga ainda para o Ronaldinho Gaúcho, pela sua experiência em duas Copas -Japão/Coreia, em 2002, e Alemanha, 2006. Ele pode ser muito útil para o meio campo do Brasil”.

Sobre o Robinho, o ex-Reizinho do Parque é cauteloso. “Temos que ver como ele está. O Robinho voltou para o Santos, e fez uma boa estreia. Mas vamos ver ser ele irá reencontrar seu futebol”.

Carlos Alberto é mais incisivo quando o assunto é Neymar. É até profetiza. “Precisamos pensar em renovação. Assim como aconteceu com o Ronaldo – Fenômeno, em 1994, na Copa dos Estados Unidos, e Kaká, em 2002, no Japão/Coreia, podemos ter neste grupo o Neymar. Seria uma jogada inteligente, para ele ganhar experiência, ver como é uma Copa. Em 2014, muitos dos atuais jogadores do Brasil, já terão deixado a seleção”, diz o capitão do tri de 70.

Clodoaldo também faz coro sobre Neymar. “Espero que o Dunga encontre lugar para ele. O Neymar brinca de jogar futebol. Seus gols são obras obras primas. Se for chamado para a seleção, o Brasil ganha a Copa”, diz o ex-meia do Santos; “Eu levo os dois – Robinho e Neymar. Mas deixo pra cabeça do Dunga resolver quem será titular”, diz Edu, ex-Santos, que também chamaria Ronaldinho Gaúcho. “Mas desde que ele volte a se movimentar mais, jogar mais. Se ficar parado lá na frente, não terá vez”, arremata.

Seleções rivais

Para Rivelino, as seleções que dividem um pouco a preferência para levar o título são “as tradicionais, como Alemanha, Itália, Argentina”. A mesma linha de raciocínio tem Carlos Alberto.

“Temos que ver também como se comportará a Espanha, sempre uma incógnita. A Inglaterra também tem um bom grupo, mas às vezes um acontecimento como esse do Terry – capitão da seleção inglesa, que se envolveu num escândalo sexual -, pode mexer um pouco o time deles”.

Zebras

Sobre possíveis surpresas na África do Sul, Rivelino diz que o “nível da maioria das seleções é muito baixo”. Edu, ex-Santos, também vai na mesma linha. “Esta será uma Copa diferente, pelo clima, pela alegria do povo africano. Mas acredito que teremos zebras nessas disputas”, completa.

Em boas mãos

Tanto Félix quanto Carlos Alberto fecham questão com Dunga quando o assunto é convocação dos jogadores de suas posições. “O Júlio César -na Inter de Milão – é um grande goleiro. Um dos melhores do mundo na atualidade”, garante Félix.

Na lateral-direita, Carlos Alberto diz que a seleção está bem servida nessa posição. “Tanto o Daniel Alves, no Barcelona, como Maicon – da Inter de Milão, são excepcionais jogadores”.

Show de atrações

Julio Tarnowski Jr. e assessoria

O espaço montado no Memorial da América Latina, na Barra Funda, em São Paulo, é idêntico ao que foi utilizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, e ainda nos outros 84 países. As duas estruturas no Brasil mostraram além da sala onde fica somente a Taça da Copa do Mundo da Fifa, outros quatro ambientes.

Na entrada, uma sala de entretenimento, onde o visitante participa de várias brincadeiras – gaiola onde os participantes disputam uma partida de futebol; futebol virtual, onde a bola é ativada pela sombra dos jogadores; um teste interativo para avaliar os conhecimentos dos participantes sobre a Copa do Mundo, entre outras atrações.

Depois o público segue para, a sala de exposição. Neste espaço são mostrados filmes antigos da competição, campanhas publicitárias marcantes, além das bolas utilizadas nas Copas dividem as atenções com uma parede dedicada a Pelé com fotos raras do Rei do Futebol, além de frases marcantes, presentes no livro “Pelé 70”, lançado na exposição do Rio Janeiro.

Entre essas frases que homenageiam Pelé, estão: “Eu pensei: Ele é de carne é osso como eu. Me enganei”, de Tarcio Burgnich, ex-zagueiro da seleção da Itália, na final da Copa de 70, quando o Brasil goleou por 4 a 1, e ganhou o tricampeonato no México.

Ou ainda: “como se soletra Pelé? D-E-U-S”, publicada no jornal The Sunday Times, de Londres. Também foi lembrada uma citação do jornalista e escritor brasileiro, Armando Nogueira: “Se o Pelé não tivesse nascido homem, teria nascido bola”.

Na sala África, o mascote da competição de 2010, Zakumi, coloca o visitante no clima da Copa da África do Sul, que começará dia 11 de junho, em Joanesburgo. A seleção anfitriã recebe o México, na partida inaugural da Copa. Um iBook apresentará um pouco da história do continente africano.

Na quarta sala um filme de 8 minutos, produzido pela Coca-Cola, com imagens dos jogos da Copa de 2006, em tecnologia 3D, mostra um grupo de crianças africanas, numa viagem pelo encanto das Copas do Mundo.