Sindicância interna diz que policial agiu corretamente

A Polícia Militar considerou normais as agressões a dois repórteres da Tribuna do Paraná após o jogo Atlético x Paraná Clube, em 28 de outubro. A sindicância interna da corporação determinou o arquivamento do caso, sem punição aos policiais.

O relatório da sindicância interna do 13.º Batalhão da PM, assinado pelo 2.º tenente Moisés Ceschin, conclui que o soldado Róbson Luiz dos Anjos Nascimento ?utilizou as técnicas corretas de abordagem, algemamento, detenção e condução do preso, sendo que as provas apresentadas pelos ofendidos não promoveram a certeza jurídica de que os sindicados (também foi indiciado o soldado José Maria Bueno Santos) desviaram suas condutas no caminho da ilicitude?. Assim, não foram suficientes as provas apresentadas pela Tribuna, como as fotos mostrando o soldado Róbson aplicando uma gravata no repórter Cahuê Miranda enquanto este mantinha as duas mãos ocupadas – uma das alegações do PM para algemar o jornalista foi resistência à prisão.

O repórter fotográfico Valquir Aureliano reafirmou no inquérito ter levado uma cotovelada do soldado Robson, enquanto registrava uma confusão entre a PM e torcedores do Atlético. Cahuê oficializou a mesma versão já apresentada no 8.º Distrito Policial. Ele contou ter pedido a identificação do soldado Robson, e que este respondeu ?jornalista e merda é a mesma coisa?. O repórter foi detido assim que replicou, perguntando ?e o senhor, o que é?. De forma constrangedora, foi algemado, levado à sala de triagem da Arena da Baixada e ironizado.

No depoimento aos colegas que comandaram a sindicância, o soldado alegou que o jornalista forçou a passagem para que a fotógrafo registrasse a briga e o desacatou, falando ?sai da frente seu policial de merda?. O repórter afirma nunca ter dito tal frase.

O episódio foi divulgado por vários veículos de comunicação. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR) emitiu nota pública repudiando ?com veemência a agressão aos jornalistas? e solidarizando com o ?colega vítima de uma prisão imotivada?, e enviou ofício à Secretaria Estadual de Segurança Pública pedindo esclarecimentos e apuração do caso. A Federação Nacional dos Jornalistas reproduziu as manifestações do Sindijor-PR.

O relatório do sindicância foi aprovado pelo comandante do 13.º BPM, tenente-coronel Eron Ulisses Donadello. O caso agora prossegue em instâncias alheias à Polícia Militar. Uma audiência já está marcada no Juizado Especial Criminal, onde o jornalista move ação contra os policiais.

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