Sem verbas, Brasil pode ficar fora do calendário internacional do atletismo

A um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, o Brasil corre sério risco de não conseguir realizar nenhum dos três eventos internacionais de atletismo programados para 2015. Os governos do Pará e de Minas Gerais já avisaram que não têm verba para ajudar na organização do GP Brasil, em Belém, e do GP de Uberlândia. O governo paulista promete destinar R$ 1,543 milhão para o GP São Paulo. Também garantiu que daria R$ 1,367 milhão para o Troféu Brasil. A dois dias do fim do evento, que acontece em São Bernardo do Campo, até agora nem sinal do dinheiro.

“No começo do ano a gente faz o projeto. Conversei (com o governo do São Paulo) só no começo da semana, falaram que estava empenhado. Mas não saiu nada no Diário Oficial”, conta José Antonio Martins Fernandes, o Toninho, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude (SELJ) garante que a verba será disponibilizada.

Sem a publicação do empenho no Diário Oficial, não há como assinar o convênio, fundamental para tirar o Troféu Brasil do papel. “Estou cortando um monte de coisa. Vamos somar as despesas e ver de onde a gente vai tirar o dinheiro. Tem que tirar de algum lugar.”

A postura do governo paulista, que criou o Troféu Brasil em 1945 e transferiu a organização do mesmo à CBAt em 1989, preocupa a CBAt. A ideia é transferir o GP Brasil de Belém para São Paulo, em 21 de junho, permitindo ao País manter o credenciamento da prova, que faz parte do segundo principal circuito de provas da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF), o World Challenge, com 13 etapas. Desde 2002 o Mangueirão recebia o único evento sul-americano deste nível.

Ainda que o governo estadual de São Paulo e a Caixa, patrocinadora da CBAt, se disponibilizem a pagar pelo GP Brasil, os recursos podem não ser suficientes. Afinal, a realização de três eventos internacionais seguidos no País permitia que a entidade rateasse alguns custos, entre passagens aéreas para os atletas estrangeiros e equipamentos. A confederação chegou a abrir conversas com Pernambuco e Ceará, que também afirmaram não terem verba.

“Só a premiação de um GP é US$ 250 mil. Na segunda feira, a gente vai sentar para ver qual a solução. Fazer tudo para um GP só, não sei se vai compensar. A gente não vai ter condições de pagar passagem internacional”, conta Toninho. “A gente não perder o credenciamento um ano antes da Olimpíada.”

CONVÊNIOS – Desde o início do ano, o governo paulista praticamente paralisou o setor de convênios. Neste ano, só três foram assinados: para a realização de um evento de Karatê Interestilos e dois torneios internacionais de tênis: o Banana Bowl e o Brasil Open. Como comparação, na mesma data do ano passado já haviam sido firmados 95.

Só a Federação Paulista de Atletismo, em maio de 2014, já havia firmado quatro convênios, que somavam cerca de R$ 6 milhões. Com o corte de verbas, a entidade cancelou eventos e enxugou o calendário. Os professores dos Centros de Excelência (projeto do governo do Estado executado pela FPA) estariam com salários atrasados.

Há duas semanas, o governo estadual só publicou o empenho para a realização da Copa do Mundo de Ginástica no dia em que o evento começou. Até agora, entretanto, o convênio não consta no site de transparência do Governo. Na ocasião, o secretário Jean Madeira (PRB) garantiu que o convênio estava assinado havia muito tempo.

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