Sem jogar, Bolinha é um ídolo da torcida do Atlético.

Multicampeão, ídolo da torcida, um símbolo do Atlético Paranaense. Os adjetivos não se referem a nenhum jogador rubro-negro, mas a Edmilson Aparecido Pinto, o Bolinha, talvez o massagista mais famoso e carismático do futebol brasileiro.

A imagem de Bolinha, com seus 144 kg, dando um pique para atender algum atleta do Furacão caído no gramado, se repete há mais de 13 anos. Massagista desde 1975, ele desembarcou na Baixada em outubro, 1993, chamado pelo então diretor de futebol Jesus Vicentini. Desde então, foram dez títulos e cerca de mil jogos com o Rubro-Negro. ?Só fiquei fora de uma partida. Um amistoso contra o Batel, em Guarapuava?, revela.

Nesse período, Bolinha viu o Atlético passar por uma completa transformação. ?Mudou praticamente 100%. Em 93, 94, foi uma fase muito difícil. Não tinha lugar para treinar, não tinha material esportivo, praticamente nada. Fomos despejados de hotel. Às vezes, treinávamos ali na praça mesmo, porque não tinha óleo para colocar na antiga ?Jabiraca??, relembra.

Hoje trabalhando nas modernas instalações do CT do Caju, Bolinha recorda o momento da reviravolta na história rubro-negra. ?Aquele 5 a 1 num domingo de Páscoa foi muito benéfico para os atleticanos. Porque daí surgiu o doutor Mário (Petraglia) e revirou tudo. Começou pela campanha de 1995, quando ele montou um plantel de qualidade, que levou o Rubro-Negro à primeira divisão. Ali foi o marco de tudo?, diz o massagista, relembrando a goleada sofrida diante do Coritiba, que desencadeou a revolução comandada por Petraglia.

Os títulos e a dedicação ao clube fizeram de Bolinha um ídolo da torcida. Em qualquer jogo do Furacão, o massagista sempre tem seu nome gritado pela galera rubro-negra.

?É uma coisa magnífica.

Para mim é um presente, uma coisa que vai ficar marcada para sempre?, agradece.

Mais que um funcionário, Bolinha se tornou um apaixonado pelo clube da Baixada, a quem atribui as maiores conquistas de sua vida. ?Para mim, o Atlético é tudo. Foi daqui que saiu a felicidade de minha família, o estudo das minhas filhas. Pudemos ter uma boa casa, se vestir melhor, se alimentar melhor… Enquanto o Atlético me aceitar, estarei presente, ajudando todo mundo?, garante.

Jabiraca quase deu WO

A Jabiraca, o velho ônibus que durante anos serviu ao Atlético, proporcionou momentos que viraram folclore no clube da Baixada. Bolinha relembra um episódio que retrata como eram os tempos de ?vacas magras? vividos pelo Furacão no início dos anos 90.

Não foram poucas as vezes que a Jabiraca deixou o time na mão. Uma das notórias panes da Jabiraca quase fez o Atlético perder um clássico por WO. ?Uma vez, saímos do hotel em direção ao Pinheirão e ouvimos um barulho embaixo do ônibus. Todos achamos que tínhamos atropelado um motoqueiro. Mas o nosso motorista, o falecido amigo Lanzoni, falou: ?Não atropelei ninguém, não. O motor caiu!?.

Foi aquela correria. Tivemos que parar uns dez táxis, para levar os 11 jogadores e o material para iniciar o jogo contra o Paraná?, lembra Bolinha.

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