Seleção de 1990 se transformou em geração de técnicos

A conquista da Copa do Brasil por Ricardo Gomes, com o Vasco, deixa evidente que a geração que disputou a Copa do Mundo de 1990 pela Seleção Brasileira desenvolveu a vocação pelo cargo de treinador.

Dos 22 jogadores que disputaram o Mundial da Itália, nada menos do que 18 decidiram trilhar o caminho de Sebastião Lazaroni, que foi quem os treinou há 21 anos.

Um deles estáno futebol paranaense. Trata-se do ex-meio-campo Alemão, atualmente treinando o Iguaçu de União da Vitória, na Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense.

Longe do glamour de que desfruta Ricardo Gomes atualmente, Alemão avalia que o começo para quem quer ser treinador é árduo. “É óbvio que existe uma grande diferença [de estruturas]. Até mesmo em relação às equipes pelas quais já passei [Nápoli e São Paulo]. Mas não se pode analisar por esse lado. Agora eu sou técnico e minha carreira é essa aí. Trabalhei alguns anos como empresário, mas parei e fiz um curso de treinador. Como técnico, é preciso que você comece e faça experiências, como eu estou fazendo, em times menores”, avalia, sobre sua participação na segundona paranaense.

Ao falar sobre o assédio da torcida na cidade que está localizada na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, Alemão diz que volta e meia é reconhecido, mas garante que está longe de ser uma celebridade.

“Tenho tido pouco tempo para sair, meu contato com o pessoal aqui de União da Vitória é mais nos dias de jogos. Saio à noite pra jogar um tênis e aí, sim, a gente acaba conversando um pouco mais com torcedores. Minha vida é do hotel pro trabalho e do trabalho pro hotel. E com esse formato de campeonato, passamos mais tempo no ônibus que treinando. Estamos o tempo todo viajando”, ressalta.

Outro da geração 1990 que quase veio trabalhar no futebol paranaense foi o ex-meia Valdo. Ele negociava com o Grêmio Metropolitano Maringá até semana passada.

“É um técnico conhecido mundialmente. Nossa expectativa era que ele viesse e incentivasse os que estão aqui: tanto torcida como o próprio elenco. Estávamos todos ansiosos”, lamentou o presidente da equipe, Aparecido Regini, o Zebrão.

No ano passado, a mesma cidade de Maringá já havia abrigado outro pertencente à Seleção Brasileira de 1990. O ex-atacante Muller chegou à Cidade Canção para treinar o Grêmio Maringá, na fase de preparação para a terceirona do Campeonato Paranaense de 2010.

O ex-atacante ficou cerca de três meses no Galo, onde dividia seu tempo treinando jogadores pré-selecionados em uma peneirada realizada por ele mesmo e praticando atividades evangélicas em igrejas da região. Após comandar a equipe apenas em partidas contra amadores da Cidade Canção, o ex-jogador não resistiu até o início do Estadual e deixou o clube.

Cinco já colhem sucesso na profissão

Assim como Ricardo Gomes, campeão da Copa do Brasil 2011 com o Vasco, outros quatro ex-jogadores da Copa de 1990 conseguiram o reconhecimento como grandes técnicos do futebol nacional.

Os demais estão divididos entre aqueles que treinam equipes pequenas ou medianas e os que atuam como empresários de novos jogadores. Ainda existem os que já atuaram nas duas funções (confira o quadro).

Outro ponto alto da geração ocorreu em 2007, quando o ex-atacante Renato Gaúcho conquistou no comando do Fluminense a mesma Copa do Brasil de Ricardo Gomes.

Atualmente, Renato segue como treinador do Grêmio de Porto Alegre, mas já tem em seu currículo passagens por outros grandes como Vasco da Gama e Bahia. Diferente de conterrâneo gaúcho, tendo treinado apenas um time, Dunga também está entre os ex-jogadores de 1990 com melhor status na carreira.

No ano passado, o ex-volante dirigiu a Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo na África do Sul. Apesar da frustrante queda contra a Holanda, pouco depois da queda do escrete canarinho ele chegou a ser procurado pelo São Paulo.

O auxiliar de Dunga na Copa 2010 foi o então lateral-direito Jorginho, que atualment,e é técnico do Figueirense na Série A do Brasileirão. No mesmo futebol catarinense estava o ex-meio-campo Silas, que antes de ser contratado pelo Al-Arabi do Catar treinou o Avaí.