Seleção brasileira está cada vez mais longe

Rio – O contato cada vez mais reduzido do torcedor brasileiro com os jogadores da seleção, um suposto motivo da frieza da equipe no mundial da Alemanha, pode ser reflexo da quase inexistência de amistosos do Brasil em território nacional nos últimos anos.

Desde a Copa de 2002, a seleção disputou 24 jogos que não foram de competição. E o número daqueles realizados fora de casa é um claro sinal desse distanciamento: foram 22 no exterior.

A seleção virou um produto de exportação e com ótimo valor de mercado. Em média, cada amistoso do Brasil na Europa ou Ásia rende cerca de US$ 1,5 milhão para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Conclui-se, a partir desse dado, a pouca vontade política da entidade de contestar na Fifa a intransigência dos clubes europeus em ceder seus jogadores para as seleções de outros continentes – na América do Sul quem sofre mais com isso é o Brasil, seguido da Argentina.

A CBF atribui o problema a um acordo dos clubes europeus com a Fifa: não liberar seus atletas para compromissos das seleções em locais distantes mais de quatro horas da cidade dos clubes. Em alguns casos, esse limite é ampliado para seis horas. Contra o Haiti, em 18 de agosto de 2004, o Brasil teve dificuldades com o Milan, e as negociações para que Cafu, Dida e Kaká participassem do amistoso festivo em Porto Príncipe não foram bem sucedidas.

A alegação do clube europeu, na oportunidade, foi de que o local do jogo do Brasil estava fora desse raio de quatro ou seis horas de distância da Europa. Restou à CBF uma crítica interna pelo que classificou de má vontade dos atletas em tentar com a direção do clube a liberação para a viagem até o Haiti.

?Pela proximidade com a Europa, a seleção pode até jogar em alguns países da África. Para fazer amistosos no Brasil, só se for com um time formado por atletas em atividade no país?, comentou o assessor de Imprensa da CBF, Rodrigo Paiva. ?A confederação cumpre determinação da Fifa.? O mais recente exemplo disso ocorreu em abril de 2005, em partida disputada no Pacaembu que marcou a despedida de Romário da seleção. O Brasil venceu a Guatemala por 3 a 0 com uma equipe formada apenas por atletas de clubes do país. Este amistoso foi o único da seleção realizado na capital paulista em 16 anos.

Neste período, houve somente mais três jogos não oficiais do Brasil no Estado de São Paulo: em maio de 1990, em Campinas (2×1 na Bulgária); em março de 1993, em Ribeirão Preto (2×2 com a Polônia); e em março de 1996, em São José do Rio Preto (Brasil 8×2 Gana).

Para o técnico Dunga, não há, a princípio, uma solução para o problema. ?É uma questão de logísitica. Essa discussão gera um conflito com os clubes europeus. Seria bom que não fosse assim. Mas o que fazer?? Dunga indiretamente vai ajudar a CBF a aumentar a lista de amistosos da seleção fora do Brasil. Até o final do ano serão mais três: no próximo sábado, contra o Kuwait, na casa do adversário; no dia 10 de outubro, contra o Equador, em Estocolmo; e em 15 de novembro, contra a Suíça, na Basiléia.

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