São Caetano arranca empate contra o Santos

Santos – O fim de semana terminou, a primeira rodada das semifinais do campeonato paulista foi disputada e ninguém, por enquanto, se arrisca a dizer quem serão os finalistas. Ficou uma certeza. Os teoricamente favoritos Santos e Palmeiras vão ter de colocar o pé na forma durante a semana se quiserem justificar tal condição.

Ontem, a torcida santista cansou de gritar “uhhh” a cada chance desperdiçada. O empate por 3 a 3, na Vila Belmiro, ficou bom apenas para o São Caetano, que no sábado recebe o time de Émerson Leão. Vitória simples para qualquer lado determina o primeiro finalista do estadual 2004.

A história do jogo no primeiro tempo foi bem parecida com o que aconteceu na véspera no Palestra Itália, quando Palmeiras e Paulista ficaram no 1 a 1. O time da casa, neste caso o Santos, pressionava bastante, perdia diversas oportunidades e segurava o adversário no campo defensivo, apesar de Leão ter optado por formação mais defensiva, com três volantes (Paulo Almeida entrou como titular no lugar do machucado Elano). Porém, em um lance de bola parada, Ânderson Lima cruzou e o zagueiro André Luís desviou para as redes. Aos 42, o atacante Warley aproveitou contra-ataque e ampliou.

No segundo tempo o mérito foi de Leão. O treinador santista optou pela entrada de Basílio. Aliás, um dado interessante nesse caso. O atacante é o artilheiro da equipe, com 10 gols, mas fica no banco. Enfim, o número de jogadas permaneceu alto, com a diferença de que a conclusão passou a funcionar. E foi exatamente dos pés de Basílio que saiu o primeiro gol da reação santista. Na seqüência, o zagueiro Gustavo fez contra e Robinho virou para o Santos. A situação do São Caetano só aliviou aos 41, quando Mineiro acertou belo chute de fora da área.

Definição

Não está confirmado que o segundo jogo, no sábado, será realizado no Estádio Anacleto Campanella, em São Caetano do Sul. A diretoria do Azulão estuda a possibilidade de levar a partida para o Morumbi ou Palestra Itália, onde a capacidade de público, e conseqüentemente de renda, é maior. Espera-se que a cartolagem do ABC defina a situação hoje.

Ficha técnica

Santos: Doni; Paulo César, André Luís, Pereira (Alcides) e Léo; Claiton, Paulo Almeida (Basílio), Renato e Diego (Lopes); Robinho e Róbson. Técnico: Émerson Leão. São Caetano: Sílvio Luiz; Dininho, Gustavo e Serginho; Ânderson Lima, Marcelo Mattos, Mineiro, Marcinho (Marco Aurélio) e Gilberto; Warley (Triguinho) e Fabrício Carvalho (Euller). Técnico: Muricy Ramalho. Gols: André Luís (contra) aos 33 e Warley aos 43 minutos do 1.º tempo; Basílio aos 9, Gustavo (contra) aos 18, Robinho aos 37 e Mineiro aos 41 do 2.º Árbitro: Wilson Luís Seneme. Cartão amarelo: Claiton, André Luís, Paulo Almeida, Renato, Paulo César, Marcelo Mattos, Ânderson Lima e Marcinho. Cartão vermelho: Gilberto. Renda: R$ 261.815,00. Público: 17.356 pagantes. Local: Vila Belmiro.

Para Muricy, o Azulão é “peso pesado”

AE

Santos – O técnico Muricy Ramalho comemorou o poder de recuperação do São Caetano e o comparou às reações de um peso pesado do boxe, que consegue golpear o rival mesmo depois de atingido diversas vezes. O Azulão conquistou o empate (3 a 3) ontem com um jogador a menos, na casa do adversário e após levar uma virada de três gols. “O São Caetano é aquele time que parece que está nocauteado, mas se levanta, dá uma no queixo do adversário para nocautear.”

Para o treinador do Azulão, o gol de Mineiro no final da partida foi o golpe que selou uma justa igualdade entre as equipes. “Foi um jogo disputado e o resultado justo.” Para quem já se acostumou a ouvir dos técnicos de futebol a choradeira habitual após um jogo decisivo, Muricy Ramalho evitou o lugar-comum. Não reclamou da arbitragem e ainda concordou com a expulsão de um dos principais atletas de sua equipe, o meia Gilberto. “A expulsão foi justa. O Gilberto veio no embalo, ele tem muita saúde, e atropelou o Diego. Quando estava 11 contra 11 estava um jogo igual. Depois da expulsão, o jogo mudou”, disse. “Mas acho que fazia muito tempo que o Santos não levava três gols em casa. Como disse durante a semana, jogamos contra o time que joga o melhor futebol do Brasil. Foi um grande jogo.”

A única ressalva do treinador do time do ABC, em relação à arbitragem de Wilson Luís Seneme, foi o cartão amarelo para o zagueiro santista André Luís, no segundo tempo. Para o técnico, tinha de ser vermelho. “Ele era o último homem e o nosso jogador ia em direção ao gol”, lembrou, fazendo em seguida um comentário que faz a defesa do juiz. “Todo mundo sabe que a pressão aqui na Vila é muito grande e o Leão fala com todo mundo durante o jogo. Até comigo”, ironizou.

Para substituir Gilberto na segunda partida da semifinal em São Caetano, sábado, uma das opções de Muricy é escalar o lateral-esquerdo Zé Carlos e voltar ao esquema 4-4-2. “A gente joga com dois meias de ligação. Um é o Gilberto e o outro o Marcinho, que nem é muito meia de ligação.” Um dos destaques do time, o goleiro Sílvio Luiz resumiu o que representou o duelo deste domingo. “Estamos vivos e o Santos também. As duas equipes estão de parabéns pelo espetáculo.”

Basílio “apimenta” a disputa

Santos –

Aos 43 minutos do primeiro tempo, um coro da torcida dominava a Vila Belmiro. “Basílio”, “Basílio”, “Basílio.” O Santos perdia por 2 a 0. Os gritos eram dirigidos a Leão. O treinador, que tentara montar o seu time da maneira mais equilibrada possível, cedeu. Tinha de apostar na mudança de fórmula e colocar o veterano atacante. Ao final da partida, Leão teria de pagar uma premiação aos seus conselheiros de arquibancada. “Eu coloquei pimenta no jogo. O São Caetano estava controlando a partida. A minha velocidade ajudou a acabar com o esquema defensivo que eles haviam montado. Tratei de correr e perturbar ao máximo os zagueiros. Deu mais do que certo. Fiz o meu gol, chutei no gol do Robinho e até gol contra eles fizeram”, comemorava Basílio.

Após a partida, Leão teve de dar dezenas de explicações sobre o porquê de não haver escalado Basílio desde o início da partida. Fiel ao seu estilo que mistura confiança com prepotência, o técnico falou de maneira simbólica: “Estava chovendo e eu tive de esperar. É preciso ser inteligente na hora de colocar fogo em uma partida. A palha tem de estar seca para pegar fogo. Mas eu só queria lembrar a vocês (repórteres) que quando nós contratamos o Basílio ele foi chamado de refugo e bonde velho. Eu sempre soube a importância que ele teria para o Santos”, afirmava, irritado.

O recado era dado à imprensa santista que não se conformou quando Basílio foi anunciado como reforço do time no início do ano. O jogador de 31 anos não tentou nem um minuto aproveitar um momento raro na sua vida: ser o centro das atenções. Não pediu lugar como titular. Pelo contrário, agradeceu por ser reserva no Santos. “Quando fui contratado sabia que seria reserva. Ganhar a posição do Robinho é impossível. Eu estou contente demais em ser uma opção do Leão. Eu até estou jogando bem mais do que esperava”, confidenciava, humilde.

Basílio se considera um privilegiado coadjuvante. Passou muito tempo em times médios com dificuldades financeiras: Marília, Ituano, Olímpia. Teve destaque no Coritiba e no Palmeiras. Havia disputado a série B de 2003 pelo Marília. Se comportou como se tivesse ganho na loteria ao ser contratado pelo Santos. Sentia que não teria chance de jogar em equipes grandes.

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