Ronaldo ganha mais folga do que gostaria

Rio – O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, foi quem deu a palavra final sobre a desconvocação do atacante Ronaldo, do Real Madrid, da disputa das partidas contra Paraguai, dia 5 de junho, em Porto Alegre, e Argentina, dia 8, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006, além da Copa das Confederações da Alemanha.

O jogador havia pedido para ser liberado apenas do compromisso na Europa e ficou surpreso com a atitude da entidade. Ele demonstrou não estar magoado com o técnico do Brasil, Carlos Alberto Parreira, pelo desfecho do episódio e em meias palavras o isentou de culpa. ?Ele me deixou claro que não se trata de retaliação. Falamos por telefone e, depois, o Parreira esteve na minha casa?, disse Ronaldo, o artilheiro da seleção nas eliminatórias com oito gols e que desde 2003 havia participado de todos os jogos do time no torneio, sem ser sequer substituído uma única vez.

Parreira não quis dar declarações ontem, mas tão logo o anúncio da desconvocação de Ronaldo para os jogos contra Paraguai e Argentina foi oficializado, procurou o atleta em sua cobertura, na Barra da Tijuca, onde durante 40 minutos procurou amenizar os reflexos do episódio.

Ronaldo não admitiu abertamente mas a amigos confidenciou que o técnico do Brasil se mostrou desconfortado com o definição do caso. ?A decisão veio da CBF de me cortar desses dois jogos. Mas não entendo isso como castigo. Vou curtir minhas férias, me preparar bem na pré-temporada e lutar para ser chamado novamente.?

A situação de Ronaldo começou a ser resolvida no início da tarde, durante uma reunião entre a comissão técnica, da qual fizeram parte Parreira, o supervisor Américo Faria, além do auxiliar técnico Jairo Leal. Ricardo Teixeira era monitorado a todo instante sobre os rumos do encontro.

O impasse era o de que argumento usado para liberar Ronaldo apenas da Copa das Confederações, sem causar prejuízos à CBF, poderia provocar um ?efeito cascata?, com vários jogadores pedindo também dispensa, como o atacante Adriano, da Internazionale de Milão, que disputa da final da Copa da Itália, contra a Roma, dia 12, no Estádio Olímpico, e dia 15, no San Siro, em Milão (Itália).

Por conseqüência, o Bétis também pediria a desconvocação do atacante Ricardo Oliveira, para a decisão da Copa do Rei, dia 11, contra o Osasuña. Isso acabou se concretizando mais tarde. O atleta só se apresentará à seleção dia 12.

Em nota divulgada no site da CBF, a decisão do corte de Ronaldo é anunciada com grave omissão. O documento enfatiza que Parreira liberou Ronaldo da Copa das Confederações e dos confrontos das eliminatórias, atendendo a um pedido do atleta. ?Deixei bem claro que vim ao Brasil para jogar com Paraguai e Argentina. Queria descansar depois, estou vindo de um período muito atribulado (Ronaldo casou-se, perdeu um filho e se separou em apenas três meses).?

Para o lugar de Ronaldo, o técnico Parreira convocou Grafite, do São Paulo. No entanto, o atacante paulista só o substituirá nas duas partidas das eliminatórias. Para a Copa das Confederações, Júlio Baptista, do Sevilla, é que ocupará a vaga de Ronaldo.

Robinho será titular na eliminatórias

Rio – Com a liberação de Ronaldo, que havia pedido férias, o técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, confirmou uma nova dupla de ataque para os jogos contra o Paraguai, dia 5 de junho, em Porto Alegre, e Argentina, dia 8, em Buenos Aires, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo; Robinho e Adriano.

O treinador confirmou que a boa fase do atacante do Santos lhe garantiu a posição de titular na vaga do Fenômeno. Já Adriano, vestirá a camisa 9 de Ronaldo. A dupla deverá ser mantida ainda para a Copa das Confederações. Depois disso, é provável que Ronaldo volte a ser titular, afinal de contas, o próprio treinador confirmou que a liberação não é uma punição.

?Na seleção brasileira não há espaço para esse tipo de coisa. Ele pediu um descanso por questões pessoais e vai ter as férias de que precisa?, disse o treinador.

Lição

Apesar das declarações, Parreira já foi protagonista de uma punição a Romário nas Eliminatórias para a Copa de 94. Na ocasião, ele não convocou Romário porque este havia se recusado a ficar no banco de reservas num amistoso contra a Alemanha, em 92.

O castigo durou até a última partida da competição, quando o Baixinho foi chamado para o jogo decisivo contra o Uruguai, no Maracanã, e fez os dois gols da vitória por 2 a 0, classificando o Brasil para a Copa de 94, na qual acabou se consagrando e a seleção ficou com o tetracampeonato.

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