Poucos minutos após o fim do jogo, num canto do vestiário do Estádio Munsu, antes mesmo de tomar banho, Ronaldo conversou pelo telefone com seu pai, Nélio, a quem agradeceu emocionado o apoio e a solidariedade nos momentos mais difíceis de sua vida profissional. Preocupado com a euforia sem controle de seu principal admirador, pediu-lhe comedimento. ?Pai, vá com calma, por favor, falta muita coisa; você ainda vai ter muito o que comemorar.? O diálogo foi rápido. O bastante para deixar Ronaldo com os olhos marejados.
Fez o mesmo com sua mãe, Sonia, em outra chamada internacional. Ouviu elogios por sua boa atuação na estréia do Brasil no Mundial e bateu papo com parentes e amigos. Depois, juntou-se aos companheiros para compartilhar com eles a alegria pela vitória sobre a Turquia. Foi mesmo um dia especial para o craque carioca. Tão logo entrou em campo e perfilou-se para cantar o hino nacional, recebeu um cumprimento afetuoso do presidente reeleito da Fifa, Joseph Blatter. Trocaram beijos sob aplausos da platéia.
Com a bola rolando, Ronaldo mostrou algumas vezes que está próximo de voltar a ser o Fenômeno de quatro anos atrás. Chutou a gol, deu dribles desconcertantes e passes precisos, como o que deixou Rivaldo diante do goleiro, ainda no primeiro tempo. O gol de empate do Brasil certamente vai entrar para a história do futebol mundial pelas imagens comoventes na comemoração.
Ronaldo foi cumprimentado, primeiro, por todos os jogadores titulares do Brasil.
Depois, mesmo pressionado pelo árbitro coreano Kim Young Joo, ávido pelo reinício da partida, aproximou-se do banco de reservas e acabou cercado pelos suplentes, numa roda de entusiasmo tão grande que Ronaldo sumiu no meio do grupo. Enquanto isso, toda a comissão técnica batia palmas para o artilheiro e o público revia o lance no telão do estádio. ?A emoção foi muito grande; fazer um gol naquela situação, de desvantagem, deu um alívio à equipe.? Já no hotel onde está a delegação, na periferia de Ulsan, comentou com bom humor a jogada do gol. ?O Rivaldo deu um bom passe, aliás um passe mais ou menos e eu tive que me esticar para tocar a bola.? Depois, ressaltou a importância do colega na vitória. ?Eu e Rivaldo sofremos bastante na temporada, com contusões e problemas físicos; merecíamos a sorte de jogar bem na estréia.? O atacante sentiu cãibras no final da partida e pediu a substituição. Admitiu cansaço e que ainda não está na forma ideal.