Paris – Ronaldinho Gaúcho, como se esperava, foi escolhido ontem "Bola de Ouro" do futebol europeu, prêmio que só dois outros brasileiros puderam receber no passado, os atacantes Ronaldo (2002 e 1997) e Rivaldo (1999).
Ao receber a "Bola de Ouro", Ronaldinho, muito emocionado, quase chorando e perdendo por alguns instantes o seu sorriso, disse que isso representava "a realização de um grande sonho". Para Ronaldinho foi uma honra ser aplaudido por alguns entre os maiores jogadores de todos os tempos. Ele agradeceu
a Deus por tê-lo ajudado a conquistar esse troféu, dedicando o prêmio a seus companheiros da seleção, sua família e a seus amigos que não puderam estar presentes.
Nunca o prognóstico do principal prêmio outorgado a um futebolista atuando na Europa foi tão fácil, como essa promoção da revista France Football, no ano do cinqüentenário de sua existência. Já há uns quinze dias, comentaristas e torcedores não tinham a menor dúvida de que o atacante brasileiro seria o vencedor, cujos principais adversários foram o ucraniano do Milan, Shevchenko, vencedor do ano passado, mas também os ingleses Gerrard (Liverpool) e Lampard (Chelsea), e o francês do Arsenal, Thierry Henry. Três entre os maiores jogadores brasileiros não conseguiram obter esse troféu e por razões diversas: Pelé, Romário e Zico, de certa forma foram vingados pela geração posterior, a de Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho.
Na França, mas também na Itália, Espanha, Inglaterra, havia unanimidade sobre o resultado da disputa, principalmente depois da vitória obtida pelo Barcelona contra o Real Madrid, no qual ele pode evidenciar todas as suas qualidades técnicas. Ainda ontem, Luis Fernandes, seu ex-técnico no Paris Saint Germain e com quem Ronaldinho nunca se deu bem, reconheceu que suas qualidades são inigualáveis e que o jogador gaúcho executa jogadas que nenhum outro consegue atualmente imitar. Para a maior parte de ex-vencedores da "Bola de Ouro", presentes à cerimônia, esse jovem talento é o mais dotado de toda sua geração.
O primeiro jogador a receber a "Bola de Ouro" foi o inglês Stanley Mathews, em 1956 e aos 41 anos de idade, mas outros grandes nomes do futebol europeu, numerosos presentes na cerimônia de ontem, no Espace Cardin, em Paris, o seguiram: Di Stefano, Kopa, goleiro russo Yashin, Bobby Charlton, Beckenbauer, Rummenigge, Michel Platini, Marco van Basten (três vezes alternadas), Johan Cruyff, Zidane e outros. Um grande ausente, também vencedor desse troféu em 1968, foi o irlandês George Best, falecido na última sexta-feira.
À cerimônia esteve o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Jornalistas de 52 países participam da votação. Eles deveriam levar em conta não apenas as performances do jogadores, mas também os resultados da equipe e uma boa dose de fair play. Desde 1994 o concurso foi aberto a jogadores não europeus, mas atuando no futebol da Europa, caso do liberiano Weah, vencedor em 1995.
Isso explica porque em 1981 o argentino Omar Sivori recebeu o troféu beneficiado pela dupla nacionalidade italiana.
Favorito pra melhor do mundo
Paris – A Fifa anunciará nos próximos dias os nomes dos três finalistas da eleição para melhor jogador do mundo, que promove entre técnicos e capitães de seleções de todo o planeta. Mas há pouca dúvida de que na cerimônia do dia 19, em Zurique (Suíça), Ronaldinho Gaúcho será novamente coroado, tornando-se o primeiro jogador a ser eleito em dois anos seguidos, depois que Ronaldo ganhou em 96 e 97.
A chance de um brasileiro ganhar a eleição da Fifa é sempre maior do que a de conquistar a "Bola de Ouro" porque os representantes da Ásia e da África veneram a seleção brasileira e votam em peso em suas estrelas. E Ronaldinho é a maior.
Na eleição da Fifa, os técnicos e capitães não podem votar em jogadores de sua própria seleção. Cada um vota em três jogadores e a pontuação é a seguinte: três pontos para o primeiro lugar, dois para o segundo e um para o terceiro. Quando anunciar os finalistas, a Fifa já saberá quem é o ganhador. Mas fará o possível para a informação não vazar antes do dia 19.