Precavido, Atlético seguiu para Goiânia

Gato escaldado tem medo de água fria. Com o ditado na cabeça, o Atlético viajou ontem para Goiânia, onde amanhã enfrenta o Atlético-GO, pela Copa do Brasil. Não que o Furacão esteja temeroso em encarar o xará goiano, mas a lição aprendida contra o Vitória-BA é uma das armas para o Rubro-Negro seguir em busca do título nacional.

Para chegar às oitavas-de-final, o time da Baixada teve que superar uma batalha épica contra os baianos. Derrotado por 4 a 1 em Salvador, precisou de esforço hercúleo para reverter a situação em casa, com uma fantástica vitória por 3 a 0.

Agora, ninguém quer repetir o drama. Para não ser surpreendido pelos goianos, o Atlético aposta na concentração e na humildade. ?O primeiro jogo contra o Vitória serve como exemplo. Sabemos o desgaste físico, mas principalmente mental que tivemos para reverter. Vamos entrar ligados desde o início para isso não acontecer novamente?, garante o zagueiro Marcão.

Na busca de um bom resultado no Serra Dourada, o Furacão contará com o retorno de seu titular da camisa 10. David Ferreira cumpriu suspensão contra o Paraná, no último domingo, e é uma das principais apostas rubro-negras. ?É um jogo muito importante e com certeza será muito difícil. Vou tentar fazer o melhor para que nosso time consiga a vitória?, diz o colombiano.

A volta de Ferreira foi comemorada pelos companheiros, que admitiram que ele fez muita falta do clássico. ?Fico feliz pelo que os jogadores falam. Mas acredito que existem 30 jogadores no elenco. Todos têm condições de estar em campo e todos são importantes?, agradece o meia. Porém, não só com boas notícias foi o embarque atleticano para o Centro-Oeste. O atacante Denis Marques, que deixou o clássico da Vila Capanema com uma lesão nas costas, não viajou e está fora da partida.

O lateral-direito Jancarlos, desfalque do time nas duas últimas partidas, também continua afastado, devido a uma contusão muscular.

O técnico Vadão ainda não confirmou a equipe, mas não deve haver surpresas. Nas laterais, continuam Nei na direita e Michel pela esquerda. No ataque, Pedro Oldoni deve formar a dupla com Alex Mineiro.

Com o retorno de Ferreira, Vadão volta para a sua formação usual, abandonando o 3-5-2 testado contra o Tricolor. O zagueiro João Leonardo, que substituiu o meia e foi expulso no clássico, não foi para Goiás.

A partir das oitavas-de-final, não existe mais a possibilidade de eliminar o adversário já na primeira partida. O jogo de volta está marcado para o dia 25 de abril, na Baixada.

Uma história de plágio

Atlético e Atlético-GO se enfrentaram apenas uma vez na história. Pelo Brasileirão de 1987, os xarás jogaram no Pinheirão e o Furacão venceu por 3 a 0. Mas uma outra disputa, muito mais curiosa, envolveu os clubes em meados da década de 1980.

Para indignação dos atleticanos do Paraná, notícias chegaram de Goiânia acusando o clube local de plagiar o hino do Furacão. Também Atlético e dono de uma camisa também rubro-negra, o time goiano achou que a letra de Zinder Lins e a música de Genésio Ramalho lhe caíam como uma luva.

A história foi publicada no livro Atlético, a paixão de um povo, de Heriberto Ivan Machado e Valério Hoerner Júnior. ?Quem descobriu foi um repórter que começou a carreira no rádio aqui no Paraná e mudou-se para Goiás. Ele contou para seus amigos e a notícia chegou à diretoria do Atlético?, revela Machado.

Após receberem uma notificação enviada pelo clube da Baixada, os goianos deixaram a idéia de lado. Atualmente, o site oficial do Atlético-GO exibe a letra de dois hinos, completamente diferentes da famosa canção rubro-negra. ?Parece que tomaram vergonha na cara?, conclui o autor da ?bíblia? do Furacão.

Fugindo da fila

O Atlético-GO está na briga para encerrar um tabu que já dura 19 anos. O Dragão não conquista o título goiano desde 1988. No domingo, o rubro-negro venceu o Itumbiara por

3 a 1, fora, no primeiro duelo da semifinal. Agora, pode perder até por 1 a 0 que garante vaga na decisão.

Na Copa do Brasil, o time faz a melhor campanha de sua história. O técnico do Dragão é conhecido na Baixada. Artur Neto dirigiu o Furacão em 2000, após a saída de Vadão.

Jejum de vitórias

Apesar de o Atlético ter deixado a Vila Capanema comemorando o empate por 0 a 0 com o Paraná, pelo que se vê no retrospecto recente, uma vitória sobre o Tricolor, no próximo domingo, não será tão simples assim. Já se vão cinco jogos, quase um mês, que o time não vence no Estadual. Para chegar à final, o Furacão terá que vencer o jogo de volta.

Desde 25 de março, quando aplicou 5 a 0 no Rio Branco, o time não venceu mais ninguém pelo Paranaense. Perdeu para o Paranavaí (0 a 1) e empatou com o mesmo ACP (1 a 1), Rio Branco (0 a 0), Cianorte (4 a 4) e Paraná (0 a 0).

Os tropeços seguidos, aliás, custaram ao time a vantagem de dois resultados iguais, que está nas mãos do Tricolor.

O reencontro está marcado para 22 de abril, quase um mês depois da última vitória no Estadual. Antes, amanhã, o Atlético faz um ?pit stop? em Goiânia, onde encara o Atlético-GO pela Copa do Brasil.

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