Polícia diz não ter ‘mocinho’ na briga das torcidas

O diretor do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção a Pessoa), Jorge Carlos Carrasco, e a delegada Margarete Barreto, do Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), fizeram nesta terça-feira um balanço da investigação policial sobre a violenta briga entre torcedores de Palmeiras e Corinthians, no último domingo, na zona norte de São Paulo. E avaliaram que, apesar de ter sido uma emboscada de corintianos contra palmeirenses, não tem “mocinho” nessa história.

A briga aconteceu na manhã de domingo, horas antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians no Pacaembu. Cerca de 500 torcedores participaram do conflito na Avenida Inajar de Souza, na Freguesia do Ó. E dois palmeirenses morreram em razão dos graves ferimentos: André Alves Lezo, de 21 anos, e Guilherme Vinicius Jovanelli Moreira, de 19 anos.

Na segunda-feira, a Federação Paulista de Futebol (FPF) proibiu a entrada nos estádios de São Paulo da corintiana Gaviões da Fiel e da palmeirense Mancha Alviverde, as organizadas envolvidas na confusão. E nesta terça a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão nas sedes das duas torcidas, efetuando a prisão de cinco torcedores acusados de participação na briga – mais um foi detido por porte de maconha.

“Foi uma emboscada preparada pela Gaviões. Mas o pessoal da Mancha assumiu o risco. Não existe mocinho nessa história, não tem vítima. Eles assumiram o risco no confronto”, afirmou a delegada Margarete Barreto. Segundo ela, foi realizada uma reunião antes do clássico em que foi dito para as torcidas organizadas pedirem escolta policial para ir ao Pacaembu, principalmente aquelas que saíssem da zona norte da cidade.

Ainda segundo a delegada do Decradi, os palmeirenses e corintianos que brigaram no domingo na Avenida Inajar de Souza não pediram a escolta policial. Os policiais que estavam no local no momento da confusão, e nada puderam fazer por causa do pequeno contingente, passaram por lá naquela hora e tentaram acompanhar os torcedores que andavam pela rua em grande número.

Agora, a polícia trabalha para tentar punir os culpados. Os cinco torcedores presos nesta terça-feira são da Mancha, inclusive Tiago Alves Lezo, irmão de uma das vítimas fatais, André Alves Lezo. O outro detido, por porte de maconha, é da Gaviões, mas, segundo a polícia, não tem qualquer relação com a briga de domingo. Todos estão em prisão temporária, com duração de 30 dias, período em que serão interrogados e investigados.

A polícia disse ter outros mandados de prisão para cumprir, mas não quis revelar o número total. Também revelou já ter indícios de que alguns procurados teriam fugido do Estado de São Paulo. Na busca e apreensão desta terça-feira, foram recolhidos computadores das duas torcidas e mais R$ 150 mil em espécie na Gaviões – o dinheiro será retido até que tenha a procedência comprovada.

“Conclamo a população a nos ajudar, porque essa guerra é de todos”, disse o diretor do DHPP, ao pedir que as pessoas utilizem o Disque-Denúncia para denunciar os envolvidos na briga. Ele também revelou que existem indícios de que a confusão de domingo foi combinada pela internet e de que já estaria sendo marcado um reencontro para vingar a morte dos dois palmeirenses.

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